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Foto: Divulgação |
O
Escombro inaugura uma nova fase da curta e sólida carreira com o EP Eutanásia
Social, um passo adiante do disco de estreia homônimo de 2017. São cinco
composições viscerais, com passagens brutais e recheadas de levadas dinâmicas.
Nesta toada, este registro do quarteto paulistano lançado pela Artico Music nas
principais plataformas de streaming é também, sem exageros, um marco do
hardcore nacional devido ao profissionalismo e criatividade única que rondam
suas músicas, letras e concepção artística. Ouça aqui: https://www.onerpm.com.br/al/5026586579.
Eutanásia
Social é tanto o
nome de uma das faixas como o conceito do EP, com arte gráfica assinada por
Pedro Von Haggen. Como explica o vocalista Jota, o termo faz um alerta ao
estado alarmante e à beira do colapso em que se encontra a sociedade
brasileira. “Tem uma galera que está sendo desligada do mundo, tamanho é a
descaso com o que a cerca; só pensam em si, num grau zero de consciência
social, ao mesmo tem que, por outro lado, o povo é constantemente sabotado por
estes governos corruptos”.
Duas
participações marcam Eutanásia Social. Em “Libertar”, Fábio
Prandini, do Paura, canta algumas partes e aumenta a pressão da carga
revolucionária da faixa. Para Jota, entre todas as participações que o Escombro
já teve, esta é a mais representativa. “Depois de Ratos do Porão, Paura é a
mais importante do hardcore nacional. E rolou muito bem! Admiro muito ele como
vocalista e pessoa, um guerreiro do hardcore”.
A letra
de “Libertar” expõe o lado político do Escombro, que desta vez resolve se
posicionar contra aqueles que alimentam o ódio e segregam a já cambaleante
sociedade brasileira. “Escrevi a letra pensando em quem apoia
incondicionalmente o Jair Bolsonaro, e tinha rolado aquela parada do Orgulho
Branco nos EUA, e pensei em escrever em se libertar em tudo sobre isso, o ódio,
sexismo, racismo, homofobia. O hardcore que conheço é um cenário libertário sem
espaço para esse tipo de coisa”, enfatiza Jota.
O
mexicano Chema Valenzuela Galero é o outro convidado, nome forte da cena
hardcore/hip-hop do país latino. Ele canta com Jota em “Hijos de la calle”, uma
música com beatdowns, cantada em português e em espanhol. “É uma faixa
importante. Galero construiu a letra pensando numa revolução, da galera
manifestando e indo pra frente dos políticos, uma visão muito parecida com a do
Escombro”. Nesta faixa, ainda há, no início e no fim, a incursão de pequenos
fragmentos de clássicos do rap, que são influencias para todos do Escombro.
As demais
faixas são “Eutanásia Social”, inspirada numa vivência pessoal de Jota que
aborda o desesperador sistema público de saúde na mais agressiva e crua música
do EP, com uma pegada quase punk. “Vivi um dia de SUS e fiquei puto”. Tem
também a “Entre Lobos”, o single deste material lançado mês passado, e
“Descaso”, um manifesto contra a uma das tantas formas de violência que
machucam o indivíduo: a política. “O que é violento de verdade? Violento é o
que o governo faz com o nosso povo. Gente morado ao lado do esgoto, gente que
sai da escola analfabeto, o judiciário que só funciona pra quem tem grana. O
Brasil e o país do descaso e essa faixa é um desabafo brutal”, pontua.
“Estamos
bem contentes com o resulto de Eutanásia Social, contentes com a qualidade da
gravação e do potencial das músicas. Acredito que atingimos um outro nível”,
finaliza o vocalista.
A BANDA - Uma das formações mais robustas e ácidas do estilo dentro
da cena nacional, o Escombro foi formado em 2015 e preza pelas letras
em português que abordam temas sociais, além do peso que remete ao hardcore
consagrado por Madball e Terror, ao mesmo tempo em que conversa com a proposta
da nacional Oitão (o vocalista Henrique Fogaça é amigo da banda).
Para o
primeiro trabalho em parceria da Artico Music, o Escombro gravou o
sucessor do elogiado álbum homônimo (julho/2017) no estúdio Dual Noise (o mesmo
utilizado pela Paura no ‘Slowly Dying of Survival’, de 2017) e o resultado é
nada menos do que um colossal hardcore, direto e reto, que convoca o ouvinte ao
moshpit.
Hoje a
banda é Lucas "Jota"
Ferreira (vocal), Felipe Felipeles (bateria), Igor "Japonês" Fugiwara
(baixo) e Ricardo Quattrucci (guitarra).
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Foto: Jow Head |
Agradecimento: Erick Tedesco - Artico Music
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