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10 de novembro de 2020

Album Reviews: Alex Sant'Anna – Baião Amargo (2020)

 

Arte: Carol Patriarca e Larissa Vieira


Por: Roberio Lima

Não é exagero dizer que estamos diante de uma das muitas manifestações perdidas de boa música, feita em pleno século vinte e um. Sem dúvida nenhuma, a inventividade é uma das características que  justificam as experimentações desse trabalho. 

Alex Sant ´anna em 'Baião Amargo', envolve seu ouvinte em um conjunto de canções, absolutamente cheias de influencias regionais e captando todas as mais variadas formas de sonoridade. Ao mesmo tempo em que não é um disco acessível, o flerte com perspectivas "mais populares", faz com que o ouvinte absorva cada batida já transformando em  movimento corporal. Em minhas muitas audições (que no início eram totalmente despretensiosas), pude perceber com clareza minha impotência com relação aos meus próprios movimentos. Para ser mais exato, percebi meus ombros em movimentos involuntários ao som de "Bora Lá Bailar" ou numa 'bad total' ouvindo "Esta Não é a Canção Que Você Merece". Muito doido! Mas se você colocar o disco para tocar, entenderá o que quero dizer. Que baita disco! E o mais bacana é justamente o fato de não se encaixar em nenhum rótulo. 

O artista foi seguindo todas as suas influências ou fazendo incursões mais escancaradas como em "Morrendo em Paz", onde podemos identificar referência ao clássico; "Pannis at circenses" (Gilberto Gil e Caetano Veloso). 

Por fim, gostaria do fundo do coração, encontrar as palavras corretas para fazer chegar ao máximo de pessoas possível esse grande manifesto artístico. Raro leitor, dê uma chance a esse disco, em nome do bom gosto, ou simplesmente para fugir das armadilhas que o mercado fonográfico nos impõe. Ouça!

3 comentários:

  1. Que coisa linda, precisava ler isto hoje, eu vivo desistindo da música, mas sempre volto quando vejo que meu som tocou alguém. Muito obrigado!! E falando em desistir, amanhã tem lançamento de um novo single ✊🏾✊🏾

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  2. Nos dias de hoje difícil escutar coisas boas assim. No mercado hoje a quantidade ultrapassa o campo da qualidade. Há tempos não ouvia algo que me prendesse a atenção em cada nota. Realmente muito bom.

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  3. Ao ler a postagem do meu amigo sobre essa obra confesso que fiquei curioso em ouvir este álbum, embora um pouco incrédulo quanto aos adjetivos que foram usados. Eis que decido dedicar um pouco do meu escasso tempo a ouvir e, para minha surpresa, não me arrependi, Há muito tempo que não ouvia algo tão original e criativo. Realmente uma jóia sonora carregada de poesia com letras e ritmos que fogem ao lugar comum e a semântica pobre que assola a produção musical atual. Em tempos de sertanejo universitário tão pobre em criatividade é realmente um alento ouvir algo tão bom. Obrigado pela indicação.

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