Foto: Divulgação |
Por: Jair Cursiol Filho - Repórter Big Rock
Avantasia faz mais do mesmo em “A Paranormal Evening with the Moonflower Society”
O Avantasia, projeto solo do vocalista alemão Tobias Sammet (Edguy) está de volta com seu nono disco de estúdio, “A Paranormal Evening with the Moonflower Society”, lançado em 21 de outubro de 2022. É uma continuação de “Moonglow” de 2019, que foi possivelmente o disco mais bem aceito do projeto desde a dupla “The Metal Opera”. Começo este review dizendo que o disco é bom o suficiente, nota 7/10, mas está na “metade de baixo” da discografia do Avantasia. Também digo que poucas vezes vi uma gravadora errar tanto na hora de selecionar os singles do disco, onde parece que pegaram as quatro músicas mais genéricas possíveis e que menos representam as qualidades de Sammet e sua trupe. Mas vamos ao passo a passo:
“Welcome to the Shadows” abre a bolacha com Sammet cantando sozinho, mas é no instrumental meio gótico, quase Nightwish-esco que a música vai chamar a atenção. Duvido que ela abrirá os shows, dado que no metal costuma-se querer coisas mais enérgicas que o mid-tempo daqui. Sammet mostrou coragem de abrir com uma música assim.
Aí seguimos para o primeiro single, “The Wicked Rule the Night”, que é quase uma reedição de “Book of Shallows” do disco anterior (e que também foi um single). A única coisa que consigo ver aqui como motivação para esta ser a música de trabalho é a repetição da fórmula e ser a primeira participação de Ralf Scheepers (Primal Fear, ex-Gamma Ray) no projeto.
“Kill the Pain Away” volta para um clima Nightwish misturado com hard rock dos anos 1980. Caiu perfeitamente na voz de Floor Jansen, justamente a vocal do Nightwish. É a segunda melhor do disco e me deixa pasmo a Nuclear Blast ter ignorado esta em favor de “Misplaced among the Angels” na hora de lançar um single com a voz de Floor. Nota do autor: após a escrita deste review, a música foi anunciada como quinto single, lançado junto com o disco.
“The Inmost Light” foi o quarto single, onde Sammet divide com Michael Kiske (Helloween). Se você ainda não ouviu o single, pelo nome do convidado consegue imaginar o estilo da música: power metal direto e reto que você já ouviu esses dois cantando juntos várias vezes ao longo da discografia do projeto. Kiske esteve em todos os 9 discos de estúdio e nos 2 EPs “Lost in Space”, invariavelmente fazendo ao menos uma música deste estilo. Dificilmente esta será a sua favorita.
A já citada “Misplaced among the Angels” traz o retorno da voz de Floor Jansen e foi o terceiro single do álbum. Eu particularmente tendo a não gostar de baladas metal, então é muito difícil que me toquem. Como falei mais acima, tirando ser uma balada, não vejo motivos para a Nuclear Blast ter lançado esta como single. Se queriam algo na voz de Floor, vocalista da maior banda de metal sinfônico do mundo, “Kill the Pain Away” era muito mais interessante. Sem ter acesso ao livreto do CD, que talvez esclareceria melhor a história e qual vocalista faz qual personagem na tal Sociedade Dama-da-Noite, digo que musicalmente era muito mais interessante inverter Kiske e Jansen nesta música e na anterior.
“I Tame the Storm” traz a primeira aparição do norueguês Jørn Lande (ex-Masterplan), certamente um dos acertos de Sammet e que esteve em ao menos uma música em todos os lançamentos de estúdio e ao vivo do Avantasia desde 2007. É tudo o que se espera de Sammet e Lande juntos, o que pode ser positivo ou negativo.
“Pape Plane” traz o dinamarquês Ronnie Atkins (Pretty Maids) nos vocais, voltando a uma quase-balada. É uma daquelas que talvez não te chame a atenção se você não souber que Atkins passou por um tratamento de câncer no pulmão entre as gravações de “Moonglow” e este disco. Merece ser escutada nem que seja por respeito à luta dele.
A música-título, ou quase-título, já que se chama apenas “The Moonflower Society” foi o segundo single e é, de longe, o melhor deles. É com o vocalista do Magnum, Bob Catley, outro que está em quase todos os lançamentos do projeto desde sempre (não participou apenas do “The Metal Opera” original, de 2001). De novo, é exatamente o que você espera de duetos de Sammet com Catley, como já fizeram inúmeras vezes.
“Rhyme and Reason” é de longe a melhor do disco, com o americano Eric Martin (Mr. Big) dividindo os vocais. Se alguém já viu o Avantasia ao vivo com Martin, o cara é praticamente um Tobias Sammet 2 (ou seria Sammet um Martin 2?) no palco, um showman, várias vezes tomando a liderança para que o alemão descanse. E aqui dá pra perceber o quanto os dois se divertem juntos.
Geoff Tate (Queensrÿche) aparece em “Scars”, onde desfila sua excelente voz em uma música que, por melhor que seja, não chama muita atenção.
A obrigatória música épica de cerca de 10 minutos aqui se chama “Arabesque” e é a única do disco que não é um dueto, trazendo de volta Lande e Kiske. Começa com gaitas de fole escocesas antes de mudar para um riff que lembra muito o Kamelot no disco “The Black Halo”. Com exceção dos corais, me lembrou muito “The Wicked Symphony”.
Ao final, há pouca novidade em “A Paranormal Evening with the Moonflower Society”. O disco é bom, mas é Avantasia de um jeito previsível para quem já conhece o projeto e seus convidados. As melhores são as faixas 3 e 9. Tobias não perderá os fãs com este disco, mas certamente não irá angariar novos.
Nota: 7/10
Foto: Kevin Nixon |
Avantasia - A Paranormal Evening with the Moonflower Society
Gravadora: Nuclear Blast
Data de lançamento: 21/10/2022
Tracklist:
1. Welcome to the shadows
2. The Wicked Rule the Night (com Ralf Scheepers)
3. Kill the Pain Away (com Floor Jansen)
4. The Inmost Light (com Michael Kiske)
5. Misplaced among the Angels (com Floor Jansen)
6. I Tame the Storm (com Jørn Lande)
7. Paper Plane (com Ronnie Atkins)
8. The Moonflower Society (com Bob Catley)
9. Rhyme and Reason (com Eric Martin)
10. Scars (com Geoff Tate)
11. Arabesque (com Jørn Lande e Michael Kiske)
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