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17 de abril de 2023

Angra Fest com Matanza Ritual, Viper e Malvada - Campinas Hall - SP

Foto: Divulgação


Angra Fest com Matanza Ritual, Viper e Malvada - Campinas Hall - SP - 24 de março de 2023


Por: Jair Cursiol Filho

Fotos: Jair Cursiol Filho


O Angra está em sua turnê comemorativa de 30 anos em 2023, contados a partir do lançamento do seu primeiro disco, “Angels Cry”, já que a banda em si teve seus primeiros ensaios lá em 1991. Para comemorar a data, criou um festival itinerante chamado Angra Fest com a participação do Matanza Ritual, Viper e Malvada. O Angra Fest passou por Campinas/SP na casa de shows Campinas Hall no último 24 de março.

Campinas é uma cidade grande e o trânsito numa sexta-feira pode ser bem complexo. Quando cheguei na casa pouco após as 20 horas, a banda Malvada estava no final de sua primeira música, a que infelizmente perdi. Nunca tinha visto ou ouvido nada da banda, formada completamente pelas mulheres Angel Sberse (vocal), Bruna Tsuruda (guitarra), Ma Langer (baixo) e Juliana Salgado (bateria) que estão de parabéns não só pelo show, que foi excelente, mas pela coragem de fazer um excelente rock pesado em português. Achei sinceramente até uma pena terem feito um setlist que colocou “Wasted Years” do Iron Maiden no lugar de mais alguma autoral delas num set que não passou de 40 minutos. Ficam aqui como indicações “O que te faz bem?” e “A noite vai ferver”.


Setlist:

1. O que te faz bem?

2. Wasted Years

3. Pecado Capital

4. Perfeito Imperfeito

5. A noite vai ferver


Em seguida os veteranos do Viper entraram no palco. O Viper está em um momento estranho: lançou três singles de seu novo disco, “Timeless”, mas o disco anunciado para 13 de julho de 2022 jamais chegou às lojas – e eu não consegui nenhuma informação do motivo para este atraso. Falta de disco à parte, um show do Viper é certeza de diversão. Quase ninguém ali depende do Viper pra viver e estar no palco para eles é claramente uma reunião de amigos que se divertem relembrando o passado. Pudera, Felipe Machado (guitarra), Pit Passarell (baixo), Guilherme Martins (bateria) e o convidado Val Santos (baixo/guitarra, além de ex-batera e ex-roadie) eram todos amigos em torno dos 15 anos de idade quando a banda foi formada nos anos 1980. Completam o time o sensacional Leandro Caçoilo (vocal) e Kiko Shred (guitarra). Caçoilo está no Viper desde antes da morte de Andre Matos, mas só consegui ver shows com o vocalista depois do fato. Acho que a banda aprendeu que “Moonlight” é uma daquelas que só Andre cantava e a tiraram do setlist. Com isso, o talento de Caçoilo ficou muito mais claro, ao invés do incômodo que ficava quando ele (ou qualquer um, diga-se) tentava cantar como Andre. E como o cara cantou! Foram 5 faixas da época de Andre, com Caçoilo fazendo uma melhor do que a outra, incluindo a obrigatória “Living for the Night” – que mais gente deveria conhecer.

Além do single “Under the Sun”, completaram o setlist de 9 músicas 3 faixas do período em que Pit Passarell tomava conta dos vocais além das 4 cordas. Como fã de longa data da banda, devo dizer que fiquei extremamente feliz de ver Pit conseguindo tocar seu instrumento – no show anterior que havia visto, ainda antes do início da pandemia, Pit não conseguia, atuando apenas como backing vocal.


Setlist:

1. Under the Sun

2. Knights of Destruction

3. A Cry from the Edge

4. Evolution

5. Coma Rage

6. To Live Again

7. Prelude to Oblivion

8. Living for the Night

9. Rebel Maniac

Foto: Jair Cursiol Filho


Nesse ponto, já estávamos com duas bandas e quase 2 horas de show, com um som bem ruim. Bandas de abertura normalmente se ferram com um som de qualidade menor, então esperava os dois maiores nomes da noite pra julgar: Matanza Ritual e Angra. 

Uma certa introdução é necessária ao Matanza Ritual: em 2018 a banda Matanza implodiu e dela surgiram o Matanza INC (basicamente o Matanza com um novo vocalista) e o Matanza Ritual (basicamente o vocalista Jimmy London com novos membros). Jimmy chamou nomes grandes do metal nacional: Antônio Araújo (guitarra, Korzus), Amilcar Christófaro (bateria, Torture Squad) e Felipe Andreoli (baixo, Angra). Durante o Angra Fest este último está sendo substituído por Juninho (Ratos de Porão).

Introdução à parte, o show do Matanza Ritual foi um desfile de sucessos da banda original (e para a maioria dos presentes, nem devem ter percebido a diferença). Foram 20 clássicos e um solo de bateria de Amilca Christófaro. Jimmy tem uma presença de palco extremamente característica, com suas dancinhas estilo Coisinha de Jesus do antigo programa de TV “Caceta & Planeta” e voz parecida com o finado Lemmy Kilmister. Só faltou colocar alguma música do Matanza Ritual no setlist. Não é como se fosse difícil, já que lançaram apenas duas.

Hoje em dia é quase estranho que uma banda do estilo fazendo turnê com o Angra. Porém, vejo como um sopro de ar fresco para o cenário, lembrando uma época em que tudo era rock e metal e quem gostava do estilo não se importava tanto com as subdivisões.

Devo dizer que infelizmente o som continuou muito ruim, algo que até o Angra sofreria logo depois.


Setlist:

1. O chamado do bar

2. Meio psicopata

3. Remédios demais

4. A arte do insulto

5. Bom é quando faz mal

6. Eu não gosto de ninguém

7. Tudo errado

8. O que está feito, está feito

9. O último bar

10. Clube dos canalhas

11. Country Core Funeral

12. Carvão, enxofre e salitre

13. Pé na porta, soco na cara

14. Solo de bateria

15. Tempo ruim

16. Mulher diabo

17. Conforme disseram as vozes

18. Mesa de saloon

19. Todo ódio da vingança de Jack Buffalo Head

20. Ela roubou meu caminhão

21. Interceptor V6

Foto: Jair Cursiol Filho

O Angra havia passado por Campinas apenas quatro meses antes, com a turnê de 20 anos do disco Rebirth. Desta vez o setlist foi mais para um “grandes sucessos”, o que faz sentido para o momento que a banda está vivendo. Atualmente formada por Rafael Bittencourt (guitarra), Felipe Andreoli (baixo), Marcelo Barbosa (guitarra), Bruno Valverde (bateria) e Fabio Lione (vocal), a banda desfilou dezoito sucessos de sua história. Obviamente que com a duração das músicas, dezoito músicas do Angra duram muito mais que vinte do Matanza.

 O legal é que cada vez que vejo a banda, Lione está cada vez melhor, cada vez mais em controle da voz e cada vez se sentindo mais em controle do público – afinal, o italiano já está há mais tempo na banda do que o fundador Andre Matos. E curioso é que eu e os que estavam à minha volta ficamos embasbacados justamente com a voz dele na rendição acústica de “Make Believe”, acompanhado apenas do membro-fundador Rafael ao violão.

Falar da capacidade técnica do Angra ao vivo é como chover no molhado. Marcelo Barbosa e Bruno Valver estão em seus auges técnicos e o clima em cima do palco é de diversão. Completamente diferente da diversão que vemos no Viper, mas claramente os dias estão sendo bons para essa banda que já passou por vários momentos ruins e traumáticos. Até imagino o quanto inicialmente Rafael Bittencourt tenha se entristecido com não conseguir seu plano inicial de ter vários ex-membros participando dos shows. Ainda assim, o setlist é de deixar qualquer fã da banda feliz. E ainda conseguiram a vocalista Angel Sberse para fazer tanto os vocais limpos de Sandy quanto os guturais de Alissa White-Gluz em “Black Widow’s Web”, minha favorita da banda.

A única coisa que eu queria além do que tive seria uma música nova no setlist, já que estão no Brasil gravando o próximo disco. Mas acho que isso já seria pedir demais de uma turnê baseada na nostalgia.

Foto: Jair Cursiol Filho


Setlist:

1. Newborn Me

2. Nothing to Say

3. Angels Cry

4. Travelers of Time

5. Lisbon

6. Ego Painted Grey

7. Late Redemption

8. Rebirth

9. Winds of Destination

10. Lease of Life

11. Black Widow's Web

12. Reaching Horizons (Acústica)

13. Make Believe (Acústica)

14. Waiting Silence

15. Bleeding Heart

16. Magic Mirror

17. Unfinished Allegro / Carry On

18. Nova Era

Foto: Jair Cursiol Filho


Agradecimento especial Brasuca / Silvânia / Top Link Music pelo credenciamento e Campinas Hall pela atenção e suporte.

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