Big Rock N' Roll - Pensou em rock, pensou Big Rock!: Hard ´N´ Heavy Party – Ted Poley, Chez Kane e Midnite City

Foto: Roberto Sant'Anna

Hard’N Heavy Party - Ted Poley, Chez Kane e Midnite City – Manifesto Bar - São Paulo/SP - 22 de março de 2025

Por Otávio Augusto Juliano – Instagram @showsbyotavio

Fotos gentilmente cedidas por Roberto Sant'Anna (Roadie Crew).

Em mais uma noite da tradicional festa Hard Rock de São Paulo, dessa vez as atrações da Hard ´N´ Heavy mesclaram a velha guarda do gênero com caras novas: Ted Poley, vocalista do Danger Danger, banda formada na áurea década de 80, retornou ao país, além da cantora Chez Kane, também em sua segunda passagem por aqui, e o Midnite City, expoentes do estilo que vêm apresentando ótimos trabalhos nos últimos anos e fizeram sua estreia em terras brasileiras.

Essa mescla fez muito bem à Hard ´N´ Heavy, que foi retomada em 2024, ainda sob organização de seu fundador Carlos Chiaroni (Animal Records), mas agora também com produção da DNA Rock Events.

Seguindo a proposta de sempre, a festa trouxe ao Manifesto Bar muita diversão, boa música e bons momentos entre amigos. A boa energia desse encontro de gerações do Hard Rock se fez presente e o público compareceu em peso para acompanhar as atrações do sábado.

Ted Poley;

Primeiro artista internacional a se apresentar no Manifesto Bar, segundo bem lembrou o próprio vocalista durante show, Poley acabou escolhido por ser também a última atração de fora do Brasil no atual endereço do local – o Manifesto Bar está de mudança, conforme anunciado oficialmente. Vai deixar a região do bairro Itaim e será reinaugurado em um novo espaço, mais amplo e confortável para o público.

Famoso por ser a voz do Danger Danger e por ter gravado os clássicos álbuns “Danger Danger” (1987) e “Screw It!” (1991), Ted trouxe à capital paulista incontestáveis sucessos como “Naughty Naughty”, “Bang Bang”, “Monkey Business”, “Don't Blame It on Love” e as baladas “Don’t Walk Away”, quando o vocalista desceu à pista para interagir com a plateia, e “I Still Think About You”, com direito a participação de Chez Kane.

Coube ainda no setlist duas canções de seu projeto Tokyo Motor Fist, versões acústicas com Ted sentado tocando violão (vide repertório completo abaixo) e uma dispensável versão festiva de “Born To Be Wild” (Steppenwolf), não pela música em si, um clássico do Rock, mas sim porque poderia ter sido executado mais algum sucesso de sua carreira ao invés de um cover, que contou com Poley na guitarra e Jack Fahrer (Nite Stinger) no vocal.

Embora Ted tenha demorado algumas músicas para “engrenar” e “aquecer” sua voz, se é que pode-se assim dizer, o show valeu muito a pena e quem compareceu ao Manifesto Bar certamente não se arrependeu. No “calor da empolgação”, o vocalista, apesar de ter sido anunciado na própria divulgação da apresentação que seria a última vinda dele ao Brasil, deixou claro mais de uma vez que se o chamarem, voltará ao Brasil.

Visivelmente feliz e claramente emocionado, Ted demonstrou todo seu amor pelos fãs brasileiros, chegando a afirmar que sem o seu público não seria nada. O vocalista do Danger Danger, aos 63 anos de idade, fez o seu melhor no palco e era impossível não se animar e cantar os refrãos de canções “grudentas” de sua banda durante os noventa minutos de apresentação, que começou na madrugada de domingo.

Foto: Roberto Sant'Anna

Mais cedo – Chez Kane e Midnite City:

Ainda que a ordem das bandas tenha sido modificada pouco tempo antes do horário marcado para abertura da casa, a mudança se mostrou adequada, ficando à cargo do Midnite City a abertura da noite.

Vindos da Inglaterra, a banda que tem como vocalista Rob Wylde, ex-membro do Tigertailz, vem fazendo um trabalho bastante sólido na linha do Hard Rock melódico, com forte influência de Def Leppard, Bon Jovi e até mesmo do já citado Danger Danger.

Com quatro álbuns lançados, o Midnite City focou principalmente em seu mais recente lançamento – “In At The Deep End” (2023), com destaque para “Girls Gone Wild” e para a balada “Someday”. Muito bem recebido pela plateia, que mostrou já conhecer algumas das canções da banda, especialmente “Summer of Our Lives” e “We Belong”, ambas do primeiro disco.

Teve até coro de “Ole, Ole, Ole, Ole, Midnite Citê” (assim mesmo, com a pronúncia do nome da banda se adequando ao grito da galera) e Wylde foi ao microfone para agradecer a recepção da produção do evento e os brasileiros, citando ser o “público número um”. Recebeu inclusive uma camisa da seleção brasileira e não hesitou em levantá-la em direção aos fãs.

Foto: Roberto Sant'Anna

A cantora Chez Kane vem do País de Gales, no Reino Unido, e foi descoberta pelo vocalista do Crazy Lixx, Danny Rexon. Escolhida para participar do projeto com canções compostas pelo sueco, o resultado foi dois álbuns muito elogiados pela crítica especializada, trabalhos que “bebem na fonte” do Hard Rock dos anos 80, de forma intencional.

Apesar de bastante improvável, mas graças aos produtores da Hard ´N´ Heavy, Chez retornou a São Paulo menos de um ano depois de seu debut no país, para alegria geral de seus fãs e dos presentes no Manifesto Bar.

Com quase o mesmo repertório da apresentação de 2024, a vocalista novamente contou com o apoio de músicos locais: Bruno Luiz (guitarra), Bento Mello (baixo), Gabriel Haddad (bateria) e Flavio Sallin (teclado), que também acompanharam Ted Poley. Bruno Sá fez participação tocando saxofone nas canções “Better Than Love” e “Love Gone Wild”.

Com uma incrível voz, Chez “ganhou” o público mais uma vez e pôde sentir a calorosa recepção do público, ao som de “Too Late for Love”, “Get It On” e da dançante “Rock You Up”. Ela também ganhou o coro de “Ole, Ole” e não cansou de sorrir e demonstrar gratidão por tamanho carinho.

Além de esbanjar talento ao cantar, Chez ainda tem uma elogiável presença de palco, sendo quase impossível não fixar os olhos em sua performance, contando positivamente o fato da qualidade das canções e da interpretação – realmente as composições foram feitas para a voz da Chez e a escolha dela para o projeto mostra-se cada vez mais certeira (ela já anunciou que um terceiro álbum sairá em breve).

O final foi surpreendente, com os covers de “Dream Warriors” (Dokken) e “No Easy Way Out” (Robert Tepper), canção que fez parte da trilha sonora do filme Rocky IV.