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16 de maio de 2025

Simple Minds retorna ao país após mais de uma década e traz toda a sua nostalgia dos anos 80

Simple Minds - Espaço Unimed - São Paulo/SP - 04 de maio de 2025

Foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts 


Por: João Zitti

Fotos: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts


Existem períodos na história que são incontestavelmente grandes marcos na produção cultural mundial, perpetuando suas produções por diferentes décadas e gerações ao se tornarem parte de um imaginário coletivo e, então, caracterizarem uma estética própria. Esse certamente é o caso dos anos 80, um período marcado, dentre várias coisas, pela ascensão de grandes franquias do cinema e filmes que marcaram gerações ao dialogar diretamente com a juventude efervescente da época (como “Curtindo a Vida Adoidado” e “Clube dos Cinco”) e pelo grande destaque na mídia de grupos musicais que seriam reverenciados até hoje em suas diferentes frentes, como Iron Maiden, Tears for Fears e, claro, o grupo Simple Minds, uma das principais trilhas sonoras da juventude de muitos adolescentes da época e que, após mais de dez anos, finalmente voltou ao Brasil para se apresentar em São Paulo com a sua “Global Tour 2025” no dia 04 de maio. 

A apresentação começou pontualmente e durou cerca de uma hora e quarenta minutos, contando com um total de 17 músicas no seu repertório e uma parte considerável delas vindo do disco que é indiscutivelmente o maior sucesso da banda: “Once Upon a Time”, de 1985 e que foi o principal pontapé para que a banda assumisse os holofotes do cenário musical comercial da época. 

Ainda que quase um terço das músicas tenham sido escolhidas de um trabalho de sucesso, isso não quer dizer que a seleção musical foi a melhor: ao longo a apresentação, a banda chegou a apresentar canções muito pouco conhecidas pelo público de um modo geral, como foi o caso de “The Signal and the Noise” Consequentemente, a animação da plateia não foi das maiores em partes do show, auxiliado também pelo fato de que não é um show extremamente agitado no palco e que as projeções nos telões, em muitos momentos, pareciam mais um preenchimento de espaço para ter algo do que algo realmente trabalhado para trazer uma experiência visual interessante. Parte do público, inclusive, chegou a pedir por trabalhos mais famosos da banda, como “Belfast Child” e “Mandela Day” (ambos do disco “Street Fighting Years”, de 1989), mas os pedidos infelizmente não foram atendidos.

Foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts


Porém, isso não interfere em nada no talento e nas performances apresentadas pela banda no palco. O grupo é atualmente formado por Jim Kerr (vocais), Charlie Burchill (guitarra), Cherisse Osei (bateria), Sarah Brown (backing vocal), Gordy Goudie (guitarra), Ged Grimes (baixo) e Erik Ljunggren (teclados), com grande parte dos membros tendo entrado após 2010 (com exceção dos seus fundadores Jim e Charlie). 

Ainda que tenham se passado quase 50 anos desde que a banda foi criada, o espírito é mais jovem do que nunca: Jim apresenta em sua performance um estilo próprio e uma confiança no que faz que cativa quem assiste, acompanhada pela ótima preservação dos seus vocais, transportando a platéia para o período de auge da banda. Charlie também não ficou para trás, demonstrando uma preservação da técnica e de pegada musical que remete (e muito) a sonoridade trabalhada pela banda durante a década de 80, conseguindo a proeza de trazer isso com uma grande naturalidade e sem muitos esforços ou um certo “desespero” de se prender nesse estilo específico para tentar agradar uma parcela mais saudosista dos ouvintes. 

O exemplo perfeito da força contagiante que ambos possuem (e talvez o ponto alto da noite) se deu no momento em que tocaram a clássica “Don’t You (Forget About Me)”, levando o público até então quieto para uma conexão musical que durou por quase sete minutos ininterruptos, marcados por uma nostalgia que trouxe à tona os jovens que viveram a década de 80 e que se identificavam ativamente com os adolescentes protagonistas do Clube dos Cinco. Ainda que a banda inteira tenha apresentado um ótimo desempenho, é impossível não dar destaque para as performances de Cherisse Osei e Sarah Brown: a bateria e o estilo de tocar de Cherisse trazem uma empolgação e uma energia explosiva que fazem com que você automaticamente foque na sua colaboração em cima do palco, trazendo uma jovialidade também única para a banda que impulsiona a apresentação. Seu destaque é tanto que ela possui até mesmo um momento próprio para ela ao fazer um drum solo de “She’s a River”, que arrancou gritos empolgados do público. Enquanto isso, Sarah Brown (que possui um currículo de excelência e já trabalhou com nomes como, por exemplo, Stevie Wonder) traz uma força vocal caracterizada por um timbre maduro e encorpado que, assim como a bateria de Cherisse, ajuda a trazer um lado inesperado (de certa forma) e uma camada a mais para as músicas que automaticamente desperta a atenção do público. 

Os momentos em que ela assumia os vocais (e Jim aproveitava para descansar um pouco) foram muito aclamados pelo público, que, assim como eu, se surpreendeu muito positivamente pela sua participação no show. 

Ainda que não tenha trazido um setlist com as melhores escolhas de seu catálogo musical, Simple Minds realizou um show nostálgico e que trouxe a sonoridade que os consagrou de uma maneira única e energética após mais de dez anos de espera por parte do público brasileiro, que tenho certeza que os aguarda ansiosamente para sua próxima vinda ao país. 

Foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts


SETLIST 

01. Waterfront 

02. The Signal and the Noise 

03. Speed Your Love to Me 

04. Big Sleep 

05. Hypnotised 

06. This Fear of Gods 

07. She’s a River 

08. See the Lights 

09. Once Upon a Time 

10. I Wish You Were Here 

11. All The Things She Said 

12. Don’t You (Forget About Me) 

13. Ghost Dancing 

14. Dolphins 

15. Someone Somewhere (In Summertime) 

16. Alive And Kicking 

17. Sanctify Yourself 


Agradecimento a Catto Comunicação e Mercury Concerts pelo credenciamento e Espaço Unimed pela atenção

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