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10 de junho de 2025

PARALAMAS PRA SEMPRE

Foto: Divulgação



Por: Pedro Pellegrino


Em 1995, fui ao meu segundo show da vida: "Paralamas do Sucesso" no Olympia.

Olympia era uma casa bacanérrima no bairro das Perdizes/Lapa, em São Paulo. (Quantos shows maravilhosos presenciei ali não está escrito).

Provavelmente, uma casa com a melhor acústica que já tive o privilégio de poder escutar. Hoje em dia os shows: como diria meu amigo Fernando Rick: todos tem o mesmo som. Um som abafado. Parece que você está assistindo em casa. O pessoal não tem noção de como funcionava um espetáculo no passado. Era uma experiência transcendental.

O "Paralamas" de 1995, já era sucesso há uma década de público e crítica. Hits atrás de hits.

Lembro como se fosse hoje, meu ex-padrasto (in memoriam) dar a letra: "repara como o Herbert toca guitarra". Talvez um dos mais subestimados guitarristas da história do rock nacional. Ou que nunca usou todo o seu talento proporcionado ao criar canções, fazendo solos. Existem alguns históricos como o solo de "Lanterna dos Afogados".

Foi um show espetacular. Me recordo muito bem da sensação. Um dos shows que me fizeram me apaixonar por esse troço chamado "rock and roll".

Inacreditavelmente, eu tinha 13 anos.


Pegue um DeLorean e vá para 31 de maio e 2025.

“Paralamas” no “Allianz Parque”.

Nunca imaginei estar trinta anos depois aqui no estádio do meu time do coração assistindo a mesma banda dos meus treze anos de idade.

Quantos quilômetros percorremos até aqui? Quantos sonhos? Quantas frustrações/amizades/amores/perdas?


A música é uma parada atemporal.

60 mil pessoas no sábado friorento em SP.


Chegamos às 18h, já havia um bom público esperando os garotos do Rio de Janeiro.

Às sete da noite, Dado Villa-Lobos, o guitarrista da Legião Urbana entrou com sua banda afiada. Dado surpreendeu cantando lindamente alguns hinos de sua antiga banda.

No entanto, quando André Frateschi entrou no palco, o show ganhou em muito mais empolgação. O ator já faz alguns anos tem  tocado com a Legião. A lenda Wagner Moura também fez alguns shows com a banda. 

Quem é fã da série "Sessão de Terapia" e descobriu pela primeira vez o André Frateschi, é muito legal vê-lo arrasando em uma outra arte.

Foi um show de abertura nota 10. Acho que no final do concerto, o estádio já estava praticamente lotado.


21h10: Bi Ribeiro (baixista), João Barone (bateria) e Herbert Vianna (guitarra e voz) subiram ao palco e começaram a overdose de belas canções. Mais de duas horas tocando clássicos do rock nacional.

Com cores e belas imagens no telão, o power trio & músicos que estão com os Paralamas há décadas encantaram o público presente. Com as lanternas dos celulares ligadas na "Lanterna dos Afogados" fizeram um momento inesquecível para a história da banda e do Allianz Parque.

A banda, claramente, se mostrou muito feliz em estar ali, João Barone: "será uma noite que nunca esqueceremos". Acho que eles estavam muito nervosos. Nem conseguiam falar muito com a plateia. Herbert se embananou um pouco e repetiu duas vezes o mesmo script. Eu não sei se tem a ver com o que ele passou, se era o nervosismo, ou a soma de tudo, mas... O Herbert pode tudo.

À minha frente: Thunderbird (ex-MTV) e Supla se divertiram no show. Supla tirou várias fotos, com sua simpatia de sempre e parecia estar curtindo muito o concerto.

Quem gosta de uma boa música, trilha sonora da vida, se emociona com o poder dos Paralamas. Só temos que dizer: muito obrigado. E que venham, no mínimo, mais vinte anos de rock and roll!

O garoto ali (nascido no mesmo ano que vocês fundaram a banda, assistindo o show em 1995), agradece por tantos momentos prazerosos, seja no segundo show de sua vida, ouvindo uma fita K7 do Paralamas, escutando um dos primeiros CDs que comprou em sua existência, colocando no walkman e chorando por alguma garota (Paralamas e Tim Maia eram os responsáveis pelo momento "fossa"), e vocês tocam Tim Maia também durante o show!


"Por trás dessa lente também bate um coração"

"Por trás dessa cadeira também bate um coração..."


Setlist do show: 

Vital e sua moto

Cinema mudo

Bora-Bora

Pólvora

Ska

Lourinha bombril (Los Pericos cover)

Trac-Trac (Fito Páez cover)

O calibre

Selvagem / Polícia

Mensagem de amor

Seguindo estrelas

Uns dias

Romance ideal

Ela disse adeus

La bella luna

Cuide bem do seu amor

Tendo a lua

Aonde quer que eu vá

Lanterna dos afogados

Quase um segundo

O amor não sabe esperar

Será que vai chover?

Assaltaram a gramática

Gostava tanto de você / Você (Tim Maia cover)

O beco

A novidade (Gilberto Gil cover)

Melô do marinheiro / Marujo dub

Alagados (com "Sociedade Alternativa", de Raul Seixas)

Uma brasileira

Óculos


Encore:

Sossego (Tim Maia cover)

Perplexo

Caleidoscópio

Meu erro

Que país é esse? (Legião Urbana cover) (com Dado Villa-Lobos na guitarra e André Frateschi nos vocais)

Should I Stay or Should I Go (The Clash cover) (com Dado Villa-Lobos na guitarra e André Frateschi nos vocais)


Dedico esse texto para a minha garota Lizandra Pavan, que me deu de presente de aniversário o ingresso, e que insistiu para que eu escrevesse um texto sobre o show.

E não posso deixar de lembrar: minha mãe e meu ex-padrasto que me levaram no show em 1995.


A título de curiosidade, saca só a matéria de 1995:

Paralamas traz `Vamo Batê Lata' a SP


MARCEL PLASSE

ESPECIAL PARA A FOLHA


Show: Paralamas do Sucesso

Onde: Olímpia (r. Clélia, 1.517, Lapa, tel. 011/864-7333 e 011/252-6255)

Quando: de hoje a domingo, a partir das 20h

Preço: R$ 20 (pista) a R$ 40 (camarote)


Fazia tempo que Paralamas do Sucesso não chamava tanta atenção. Um caso de censura durante um show em Brasília, uma polêmica no Congresso, dois recentes discos de platina (mais de 500 mil cópias vendidas) e uma música liderando as paradas do Brasil e Argentina não é pouco barulhenta.

``É uma pergunta que eu me faço", diz o guitarrista e vocalista Herbert Vianna, 34. ``Talvez não tenha existido outra banda no Brasil com uma trajetória como a nossa, na duração, estabilidade, nível de sucesso e a conquista de alguma coisa fora do país".

Depois de 13 anos, Paralamas vive seu momento de maior popularidade. ``Nunca trabalhei tanto na minha vida", garante Herbert. Ele falou à Folha anteontem, por telefone, do Rio.

Paralamas apresenta-se de hoje a domingo no Olympia, com o repertório de seu último álbum, ``Vamo Batê Lata".


Folha - A polêmica em torno da música ``Luiz Inácio (300 Picaretas)" tocou no quê?

Herbert Vianna - Não é fato de um congressista tomar uma atitude arbitrária quando ninguém pensava que isso ainda pudesse existir -e que partisse do Congresso que tinha livrado o Brasil da censura com a Constituição de 1988.

Havia pequenos desejos dessa tendência. A censura da obra de Bia Lessa, no Rio, os rumores da volta de uma salinha para analisar a TV, em Brasília, a Hebe censurada pelo seu próprio canal de televisão... A música catalisou tudo.

Folha - Agora, no interior de Minas, a música ``Vira Vira", dos Mamonas Assassinas, foi censurada. Você acredita que a censura voltou?

Herbert – Fico surpreso. Depois do que aconteceu com a gente, pensei que isso tinha mudado.

Folha - Por que Paralamas ficou tanto tempo sem ter um sucesso como ``Uma Brasileira"?

Herbert - Talvez, se essa canção aconteceu num dos discos anteriores, não aconteceu da mesma maneira. Quando gravamos as quatro músicas novas que acompanham nosso disco, ``Uma Brasileira" era apenas a terceira opção para ser trabalhada.

Folha - Há dois anos, quando começou o movimento de volta às raízes no pop brasileiro, contra bandas que cantavam em inglês, Paralamas era tido como marco da brasilidade. Mas ``Uma Brasileira" mistura participação de Djavan com refrão em inglês. O que isso significa?

Herbert - A gente vai dando algumas voltas na direção que a gente quer. Quando a gente lançou ``Selvagem", levou várias pauladas no rock. Amigos da gente sabiam mal do nosso trabalho. Agora, praticamente tudo o que é feito tem dados misturados.

Folha - Como você está lidando com o fato de envelhecer numa banda?

Herbert – Temia que fosse pior. Estou ficando careca, usando chapéu. Mas a gente não tem medo de acabar decadente, tocando para poucas pessoas. Parece que foi ontem que a gente ia para São Paulo de carro, tocar no Rose Bom-Bom, e ficar todos no mesmo quarto de hotel. Não estou interessado em acabar a banda tão cedo, no auge, só para terminar melhor a minha biografia.

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