I AM MORBID e THE TROOPS OF DOOM - Fabrique Club - São Paulo - SP - 19 de novembro de 2022
Por Alexandre Veronesi
Fotos: Alexandre Veronesi
O penúltimo sábado do mês de Novembro, mais conhecido como dia 19, foi marcado por uma grande quantidade de shows que ocorreram simultaneamente em diversos pontos da cidade de São Paulo. Contudo, aos fervorosos cultuadores das vertentes extremas do Heavy Metal, creio que não houveram dúvidas, pois o palco do Fabrique Club - pequena e aconchegante casa localizada na região da Barra Funda - receberia o I AM MORBID, dissidência do lendário Morbid Angel, que conta com os membros da formação clássica David Vincent e Pete Sandoval, tendo uma das maiores revelações brasileiras dos últimos anos, o THE TROOPS OF DOOM, como atração de abertura.
![]() |
Foto: Alexandre Veronesi |
Pontualmente às 18hs, enquanto boa parte do público ainda chegava ao local, a introdução "The Absence Of Light" soa nos PA's, servindo como deixa para que o THE TROOPS OF DOOM iniciasse o seu set com "Act I - The Devil's Tail", sucedida pelas pedradas "Between The Devil And The Deep Blue Sea" e "Altar Of Delusion". A banda, composta pelos experientes Alex Kafer (vocal e baixo), Marcelo Vasco (guitarra), Alexandre Oliveira (bateria), e o icônico Jairo "Tormentor" Guedz (guitarra, ex-membro do Sepultura), apresentou um show enérgico e simplesmente impecável, tendo como único (mas compreensível) "defeito" a sua curta duração, que foi de aproximadamente 40 minutos. Ainda assim, o quarteto soube montar um repertório matador, que passeou organicamente por entre os seus 2 EP's ("The Rise Of Heresy" e "The Absence Of Light", de 2020 e 2021, respectivamente) e o álbum de estreia "Antichrist Reborn" (2022), além de clássicos do Sepultura - da época em que a banda ainda contava com Jairo em seu line-up, é claro.
Sons como "The Rise Of Heresy", "Bestial Devastation", "A Queda" e "Morbid Visions" embalaram muitos "headbangings" e também alguns tímidos "circle pits", que iam se intensificando à medida em que os fãs adentravam a casa. O encerramento apoteótico, como não poderia ser diferente, se deu com "Troops Of Doom", hino do Metal tupiniquim que dá nome à banda, executado de forma intensa e bastante próxima da consagrada versão original, presente no primeiro full-lenght do Sepultura, "Morbid Visions", de 1986. Em suma, foi uma entrada com sabor de prato principal.
SETLIST
01 - The Absence Of Light | Act I - The Devil's Tail
02 - Between The Devil And The Deep Blue Sea
03 - Altar Of Delusion
04 - Act II - The Monarch
05 - The Curse | Bestial Devastation [Sepultura]
06 - The Rise Of Heresy
07 - A Queda
08 - Morbid Visions [Sepultura]
09 - Dethroned Messiah
10 - Troops Of Doom [Sepultura]
![]() |
Foto: Alexandre Veronesi |
Com a pista do Fabrique já tomada, a espera finalmente chega ao fim, e o I AM MORBID sobe ao palco precisamente no horário programado, 19h15 (é justo, aliás, abrir um parênteses para elogiar a organização do evento, que muito competentemente cumpriu o cronograma à risca). O projeto, idealizado por David Vincent (vocal e baixo), foi concebido com o intuito de tocar ao vivo somente as canções compostas por ele nos tempos áureos do Morbid Angel, e prontamente, o músico convocou para a empreitada seu amigo Bill Hudson, guitarrista brasileiro que ostenta passagens por bandas do calibre de Doro, U.D.O., Circle II Circle, Jon Oliva's Pain, Trans-Siberian Orchestra e Vital Remains, além de ter participado do histórico show de reunião do Savatage, na edição de 2015 do festival Wacken Open Air. Após algumas mudanças de formação, Vincent chamou o parceiro de longa data Pete "Commando" Sandoval para assumir as baquetas, e mais recentemente, juntou-se também à banda o guitarrista Richie Brown (Mindscar, ex-Trivium).
O show, que teve cerca de 1 hora e 20 minutos de duração, pode ser definido como uma experiência arrebatadora. O desfile de clássicos, conforme era de se esperar, foi quase que totalmente baseado nos quatro primeiros discos do Morbid Angel: "Altars Of Madness" (1989), "Blessed Are The Sick" (1991), "Covenant" (1993) e "Domination" (1995). Sendo assim, petardos como "Immortal Rites", "Fall From Grace", "Visions From The Dark Side", "Day Of Suffering", "Rapture", "Pain Divine" e "Sworn To The Black" causaram real comoção e o mais absoluto deleite aos privilegiados fãs presentes. A grande surpresa da noite ficou por conta da brutal "Dead Shall Rise", canção originalmente presente em "World Downfall" (1989), o antológico álbum de estreia do Terrorizer, que contou com a dupla Vincent e Sandoval em seus registros.
No que diz respeito à presença de palco, o I AM MORBID possui características interessantes e peculiares, tendo como destaques a figura naturalmente imponente de seu frontman; a precisão e diversidade técnica absurda de seu baterista; e a energia inesgotável de seu guitarrista principal. Estes três elementos são responsáveis por causar uma sensação quase hipnótica no público.
A metade derradeira da apresentação trouxe um breve e virtuoso momento solo de Richie Brown, precedendo a porrada "Maze Of Torment", e na sequência foi a vez de Bill Hudson demonstrar toda a sua habilidade nas 7 cordas, intercalando também alguns divertidos duetos com o supracitado parceiro de guitarra, e pondo um fim à sua atuação eremítica com "Desolate Ways", belo interlúdio dedilhado que compõe o álbum "Blessed Are The Sick". Então, a pesadona e arrastada "Where The Slime Live" foi executada ao meio das velozes "Dominate" e "Dawn Of The Angry", dando lugar à dobradinha final, "God Of Emptiness" e "World Of Shit (The Promised Land)", um desfecho épico para uma apresentação irretocável.
SETLIST
01 - Intro | Immortal Rites
02 - Fall From Grace
03 - Visions From The Dark Side
04 - Day Of Suffering
05 - Blessed Are The Sick / Leading The Rats
06 - Rapture
07 - Pain Divine
08 - Sworn To The Black
09 - Eyes To See, Ears To Hear
10 - Dead Shall Rise [Terrorizer]
11 - Solo Richie Brown | Maze Of Torment
12 - Solo Bill Hudson | Desolate Ways
13 - Dominate
14 - Where The Slime Live
15 - Dawn Of The Angry
16 - God Of Emptiness
17 - World Of Shit (The Promised Land)
Um agradecimento especial à LP Metal Press / Venus Concerts pelo credenciamento e Fabrique Club por toda atenção e suporte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário