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Antenada à sua veia tropicalista, Rita Lee misturou sem pudores seu rock com o eletrônico em " 3001 ". Pela primeira vez em LP duplo, o disco é uma máquina do tempo que mistura passado, presente e futuro ao bel-prazer de sua condutora. Produzido por Roberto de Carvalho e contando com a guitarra de Beto Lee em algumas faixas, o álbum traz uma marcante e deliciosa vibração dos anos 1970. Celebrado em edição pela Universal Music , os vinis vêm nas cores azul e vermelho, ambos marmorizados. A capa é gatefold e o encarte é produzido com o material original.
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Lançado originalmente em CD no ano 2000, o álbum concebido pela dupla Lee & Carvalho brinca com a chegada iminente de 2001 - que fora inspiração para sua canção em parceria com Tom Zé e gravado pela primeira vez em 1969. "Eu e Tom Zé combinamos de continue a saga do Astronauta Libertado. Ele me mandou a letra do '3001' por email e eu fiquei desbundada Roberto e eu fiz a música ", contou Rita, na época, sobre a canção que abre o disco. A faixa tem o luxo do teremim de Rita, além da programação eletrônica de João Lee , filho do meio do casal, com Otávio de Moraes.
"2001", uma musa-música inspirada, aparece em seguida, numa regravação em que o sertanejo da primeira versão dá lugar às eletronicidades. Rita explicou o motivo da ocasião do lançamento: "Quando fiz a música, em 1969, o Jeca Tatu tinha a coisa pacifista. Um caipira espacial pacifista. Com os rodeios e essa barbaridade toda com os animais, perdeu a graça. Então, ela foi regravada distante da ideia original ”.
"Você vem", da dupla Lee & Carvalho, é o que Rita classifica como "rock básico", no melhor estilo guitarra-baixo-teclado-bateria. "Erva Venenosa", a versão de Rossini Pinto para "Poison Ivy", é um desbunde. Pensada por Rita & Roberto para ter uma levada James Brown, é um grande hit e traz uma participação pra lá de especial: Mike, o conhecido cão-cantor do casal, arrasa no backing vocal. O sucesso é tão avassalador que “Erva Venenosa”, de 2000 para cá, já esteve na trilha sonora de cinco novelas diferentes na Globo. A mais recente foi "Fuzuê", de 2023.
"Mentiras", outro ponto alto do disco, vem a seguir. Letra e música de Roberto de Carvalho, fez parte de seu disco solo de 1992. "Dizem por aí/ Que o amor é uma mentira/ Eu adoro mentiras/ Eu amo você". Uma de suas preferidas, Rita fez questão de gravar. Destaque para a gaita deliciosa de Roberto, que mantém lá no alto a vibração do álbum.
"Rebeldade", de Rita e Beto, é uma joia. Pesada, é uma ode ao desacato e à rebeldia. "Pagu" vem em seguida. Com a participação de Zélia Duncan, a música é uma das hinos feministas da carreira de Rita, que desde os anos 1970 usou e abusou de temas femininos em geniais composições. A pop-delícia "O Amor em Pedaços" é uma apresentação do casal Pato Fu, Fernanda Takai e John Ulhoa, para o casal Lee & Carvalho. A misteriosa "Cobra", um brilhante lado B da dupla, vem a seguir. Na época, Rita contou que, ao ouvir a música feita por Roberto, pensou em fazer a letra como se fosse uma cobra cantando. E o resultado é hipnotizante.
"Entre Sem Bater", só de Rita, é pura poesia. Brinca com figuras femininas e vem com um refrão daqueles que só ela conseguiria compor: "Então, entre/ Entre sem bater/ Entre/ Entre sem bater em mim". "Aviso aos Meliantes", música de Roberto e letra do indomável Itamar Assumpção, traz vozes urgentes de Rita. A delicada "História Sem Fim" fecha o disco enquanto Rita canta questionamentos sem respostas para os mistérios da vida. Música!
Ouvir " 3001 ", em 2024, é garantir um lugar na máquina do tempo de Rita & Roberto. Uma viagem inesquecível.
Por Guilherme Samora
*Guilherme Samora é jornalista, editor e estudioso do legado cultural de Rita Lee.
Agradecimento: Universal Music Brasil
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