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Foto: João Zitti |
The Sisters Of Mercy - Tokio Marine Hall - São Paulo/SP - 26 de setembro de 2025
Por: Paula Cavalcante
Fotos: João Zitti (@joaozitti.work)
Mistério, penumbra e fumaça são a marca registrada da enigmática banda de rock gótico de Leeds, Inglaterra, há 4 décadas. A banda liderada por Andrew Eldritch é uma referência do gênero e da atmosfera singular dos anos 80. Em sua trajetória pelo tempo, enfrentou críticas e suspeitas de uso de playback. Para quem viveu os anos 80 ou já viu a banda inúmeras vezes talvez a apresentação tenha sido o famoso clichê mais do mesmo mas para mim que nunca havia estado em um show da banda antes, vale esse olhar fresco de quem está vendo a banda pela primeira vez.
A noite de sexta-feira parecia ter se vestido para ocasião, estava fria e sombria. A abertura, assim como na passagem da banda em 2023 ficou por conta do trio paulistano 3 Pipe Problem. A banda formada por: Rafael Adami – Vocais e Guitarra, Luciano Gisondi – Teclados, Joni Pieri – Bateria mescla stoner rock com rock moderno e elementos eletrônicos e tem um som envolvente. O público ainda estava morno e distante mas foi conquistado pela execução charmosa de um cover da música "Save a Prayer", do Duran Duran e cantou junto. O show foi bem executado, a iluminação do palco estava belíssima mas arrancou poucas reações da plateia.
Foto: João Zitti |
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Britanicamente as 22hs, a fumaça já tomava conta do palco e as portas de uma grande boate underground estariam abertas para receber os novos e antigos fãs. “Dont drive on ice" chegou fria como a noite lá fora e não movimentou muito os corpos e foi seguida por “Crash and Burn" enquanto eu do meio do pista ainda tentava achar o vocalista que mais perecia uma projeção de Nosferatu na penumbra. O público começou a esboçar uma animação quando as músicas mais antigas começaram a surgir no setlist enquanto o destaque ainda eram as silhuetas performáticas de Ben Christo e Kai que arrancavam gritos histéricos a cada interação e Andrew continuava aparecer e desaparecer no palco. A chegada da clássica “More” tirou a galera daquele transe psicodélico underground e colocou todo mundo para cantar e dançar freneticamente mesmo tendo sido uma versão mais curta. O som estava perfeito, a voz profunda do baixo barítono Eldritch surgia para abraçar e enebriar os sentidos e claro, não podia deixar de notar Chris Catalyst encarregado de comandar a Doktor Avalanche (aparelhos que simulam baixo, bateria e backing vocals) parado no palco quase como um boneco inanimado.
As canções “Alice" (favorita desta que vos escreve) e “Dominion/Mother Russia" reviraram a pista lotada que cantou, pulou e gritou. Seguimos na vibe boate underground - as vezes quando eu fechava os olhos para admirar os detalhes sonoros quase me esquecia de que de fato havia uma banda no palco (Rs) não fossem Kai e Ben se movimentando de um lado para o outro enquanto Andrew estava mais uma vez desaparecido (Rs) “But Genevive", “Eyes of Caligula" e “Here" acertaram o timing no setlist, reforçando uma atmosfera vampiresca. Mas clássicos são clássicos e a plateia estava ansiosa para ouvir e cantar “Marian" e “Temple of Love". Acho que aqui, Andrew agradeceu por isso já que ele e sua voz poderiam se ausentar e deixar os backing vocals e o público roubarem a cena.
Foto: João Zitti |
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A apresentação já se encaminhava para o fim, quando Andrew retornou ao palco com moleton com a caveira St Pauli nas costas. “Never Land (a fragment)" e “Lucretia my Reflection" levaram os fãs a mais absoluta loucura. Para fechar a noite a escolhida foi a excepcional “This Corrosion" que representa muita bem, o poder das Sisters e a plateia explodiu em êxtase para cantar a plenos pulmões “Hey now! Hey now! Now! Send this corrosion to me" encerrando assim mais uma passagem da banda pelo Brasil. A clássica “Walk away" ficou de fora do setlist e certamente essa ausência foi sentida.
Para mim que nunca havia visto a banda ao vivo foi uma experiência espetacular. Pude ser transportada para o que seriam as noites underground de uma Inglaterra oitentista, pude ver um ícone do rock gótico e apreciar a complexidade e beleza de cada melodia. As sisters estão decadentes? Não são mais como antes? Andrew já não quer cantar? Estão preguiçosas e rumo ao fim? Bem , eu não vi nada disso. Para a minha primeira experiência, eu só posso pensar que eu não vejo a hora de estar em um show deles de novo! Embora não existam rumores de um novo álbum e em plena era de mídias sociais a banda ainda continue ausente apesar de Ben Christo, que tem sido um contato midiático mais próximo, eu ouso dizer que o tempo não ousa quebrar, mudar, ofuscar ou transformar a magia que aconteceu na música nos gloriosos anos 80.
Vida longa ao The Sisters of Mercy e obrigada por esse magnífico legado musical.
Foto: João Zitti |
Foto: João Zitti |
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Setlist:
1.Drive on ice
2.Crash and Burn
3.Ribbons
4.Doctor Jeep/Detonation Boulevard
5.More
6.I will call you
7.Alice
8.Dominion/Mother Russia
9.Summer
10.Giving Ground (The sisterhood cover)
11.Marian
12.But Genevieve
13.Eyes of Caligula
14.Here
15.Quantum Baby
16.On the beach
17.When I’m on fire
18.Temple of Love Encore
19.Never Land ( A fragment )
20.Lucretia my Reflection
21.This Corrosion
Agradecimento a Top Link Music pelo credenciamento e MM Assessoria de Imprensa e Tokio Marine Hall pela atenção
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