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| Foto: João Zitti |
Humberto Gessinger – Espaço Unimed - São Paulo/SP - 11 de outubro de 2025
Por João Zitti (@joaozitti.work)
Fotos: João Zitti (@joaozitti.work)
A memória dos Acústicos MTV continua mais viva do que nunca! Surgido no exterior na década de 90 e adaptado com muito sucesso no Brasil, a série de gravações no formato acústico (que podem quase que ser consideradas antológicas) têm se tornado cada vez mais cultuados conforme os anos passam. E isso ocorre não somente por parte do público, mas também dos artistas: somente esse ano, tivemos algumas turnês que rodaram o país celebrando esses trabalhos, como fizeram as bandas Ira! (que teve cobertura completa do início da turnê aqui na Big Rock) e Capital Inicial, que encerrará a série de shows em comemoração aos 25 anos desse trabalho com duas apresentações praticamente esgotadas no Espaço Unimed dias 14 e 15 de novembro. O músico Humberto Gessinger não ficou de fora da lista, realizando no dia 11 de outubro uma apresentação temática dos discos acústicos do Engenheiros do Hawaii, colocando também parte de seu trabalho solo no repertório.
A apresentação ocorreu no Espaço Unimed, localizado em frente ao Memorial da América Latina, região da Barra Funda em São Paulo. O local é, atualmente, uma das principais casas de show da cidade, contando frequentemente com apresentações variadas de artistas nacionais e internacionais, como Megadeth, Fresno, Simple Minds e Ghost. Essa marcou a primeira vez que Gessinger se apresentou no local, o que é surpreendente, de certa forma, ao observar o grande número de vezes que o artista já tocou na cidade, mas para tudo há uma primeira vez!
Humberto Gessinger iniciou seu show com a clássica “O Papa É Pop” na abertura, sucedida pelas canções “Até o Fim” e “Quebra-Cabeça”. Ainda que o Engenheiros do Hawaii tenha acabado há mais de 15 anos, seus 23 anos de existência marcaram (e muito) a cena musical brasileira, não à toa a casa estava completamente lotada e se manteve assim por mais de duas horas de show, com uma plateia apaixonada que cantou todas as canções do início ao fim. E mesmo com seus trabalhos solo, o artista preferiu se aproximar mais das canções que consagraram o grupo, o que, ao meu ver, é algo muito positivo, considerando que uma parte considerável dos presentes estavam lá para assistir às músicas do Engenheiros (queira ou não), além de mostrar o claro carinho e respeito que tem pela trajetória da sua antiga banda, algo que infelizmente não vemos com tanta frequência.
| Foto: João Zitti |
| Foto: João Zitti |
Retomando o assunto da plateia: algo impressionante de se ver foi o número gigantesco de casais presentes no show (quase que a grande maioria da plateia, na verdade), o que causou um leve estranhamento a princípio, mas fazia muito sentido, visto a vibe mais intimista da apresentação. O clima estava tão propício que rolou até mesmo um pedido de casamento no lado em que eu estava, gerando um momento fofo e discreto que foi sucedido por uma série de comemorações na roda de amigos dos recém-noivados.
Tecnicamente falando, o ponto de maior destaque da apresentação foi a direção de arte do palco. Decorado com alguns conjuntos de cortinas de cores neutras (que eram coloridas pelos jogos de luzes), foi possível criar com sucesso a atmosfera mais intimista desejada pela apresentação, fazendo com que o painel ao fundo da banda e suas projeções se tornassem meras coadjuvantes na disposição do palco. O único ponto que creio ter sido negativo foi a parte de projeção sonora, que apresentava variações consideráveis dependendo do local em que você estivesse da casa. Por ser pista, consegui fazer esse teste durante o show, e o pior lugar definitivamente foi colado no palco na parte das laterais, apresentando um som mais abafado e sem tanta nitidez nos vocais. Mas se você ficar na mesma lateral e em uma distância maior do palco, a história muda completamente, reduzindo bastante os ecos e criando, de um modo geral, uma melhor experiência na hora de assistir o show.
| Foto: João Zitti |
| Foto: João Zitti |
| Foto: João Zitti |
Sobre a parte musical, não há o que fazer a não ser elogiar: além da ótima afinação vocal durante toda a apresentação, Humberto Gessinger é um verdadeiro multi-tarefas, tocando gaita, violão, teclado e baixo enquanto cantava, o que, pra quem toca algum tipo de instrumento, sabe o quão difícil isso é, especialmente com a aparente naturalidade e tranquilidade em que ele fazia tudo isso. A sua banda de apoio também estava ótima, apresentando também uma naturalidade e sintonia gigantescas, além de complementar ainda mais o espetáculo com diferentes camadas sonoras. Dentre os pontos altos da noite, devo destacar a execução das músicas “Infinita Highway” e “Dom Quixote” (particularmente minha canção favorita do Engenheiros do Hawaii), e, claro, as participações de Esteban Tavares, extremamente bem colocadas e que ajudaram a trazer um toque a mais de emocionalidade e introspecção nos momento em que ocorreram.
Com um ótimo setlist e uma direção de arte belíssima, Humberto Gessinger trouxe um show extremamente sólido e lapidado do início ao fim, ajudando a manter a chama do Acústico MTV viva e despertando o desejo de que, quem sabe, possamos ter novamente um marco musical tão marcante quanto foi esse.
Agradecimento a Access Midia e Espaço Unimed pela atenção e credenciamento.
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