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29 de dezembro de 2025

Album Reviews: Alter Bridge - 'Alter Bridge' (2026)

Foto: Divulgação 


Por: Rogério Talarico - Colaborador Big Rock N' Roll


1.182 dias separam o lançamento de Pawns and Kings e o novo álbum autointitulado do Alter Bridge. Para os fãs mais assíduos, trata-se de uma verdadeira eternidade — espera que finalmente chega ao fim no próximo 09 de janeiro de 2026. Lançado pela Napalm Records, o disco traz 12 faixas e marca um momento especial na trajetória da banda: foi gravado no lendário Estúdio 5150, local onde o Van Halen registrou clássicos como “Why Can’t This Be Love”, “Dreams” e “Love Walks In”. Atualmente sob comando de Wolfgang Van Halen, filho de Eddie e amigo de longa data da banda, o estúdio foi gentilmente cedido para a gravação deste álbum — o primeiro do Alter Bridge fora do estúdio Barbarosa, em Orlando.

“Silent Divide”, o primeiro dos três singles lançados previamente, abre o álbum com muito peso e riffs marcantes assinados pelo riffmaker Mark Tremonti. Na sequência, “Rue the Day” surpreende: pesada, sombria e diferente de tudo o que a banda já lançou. Cantada de forma pausada, estrofe por estrofe, Myles Kennedy entrega um dos refrões mais pegajosos de sua carreira, daqueles feitos sob medida para funcionar — e emocionar — ao vivo.

“Power Down” mergulha em riffs ainda mais pesados, flertando diretamente com o thrash metal, possivelmente refletindo a influência do trabalho solo de Tremonti. O guitarrista encerra a faixa com um solo rápido e belíssimo, fechando a canção em altíssimo nível.

“Trust in Me” começa com riffs densos que, aliados à ótima cozinha formada por Scott Phillips (bateria) e Brian Marshall (baixo), conduzem a música em um andamento cadenciado. A grande surpresa fica por conta de Tremonti assumindo os vocais nos refrões, adicionando ainda mais identidade à faixa.

Um elemento marcante ao longo de todo o álbum é o riff inicial forte e marcante, e “Disregarded” segue essa regra à risca. Extremamente pesada, com Myles conduzindo a canção como se estivesse em um protesto visceral, a faixa apresenta um ótimo refrão e uma pausa dramática em que Brian e Scott brilham. A retomada dita a cadência final, coroada por solos divididos entre Tremonti e Myles.

“Tested and Able” começa novamente com riffs que remetem ao thrash, mas surpreende ao quebrar completamente a expectativa ao se transformar quase em uma balada, com Tremonti nos vocais principais. Myles sustenta toda a base da canção em sua guitarra e divide os vocais apenas no refrão, evidenciando como a banda funciona de forma coesa e complementar. A música se encerra retomando seus riffs iniciais.

Já “What Lies Within”, outro single previamente lançado, aposta em uma abordagem agressiva e direta. Ao longo de seus cinco minutos, não perde intensidade em nenhum momento e dialoga claramente com o público por remeter a trabalhos como The Last Hero.

“Hang By a Thread” é a grande balada do disco. Com uma introdução que remete “Watch Over You” (a outro grande hit da banda) e até a algumas canções do Creed — algo que a banda nunca havia feito de forma tão explícita —, Myles demonstra toda sua habilidade em contar histórias por meio de músicas calmas. A banda, conhecedora do gosto de sua base fiel de fãs, acompanha o vocalista com precisão cirúrgica e entrega o maior fan service do álbum. Mais uma canção que certamente funcionará de forma arrebatadora ao vivo.

“Scales Are Falling” traz um clima sombrio e um dedilhado impressionante de Tremonti ao longo de toda a faixa. O refrão é extremamente pegajoso, lembrando “Turbo Lover” do Judas Priest, inclusive com certa similaridade melódica. Como é tradição no Alter Bridge, a música muda de direção ao longo de sua execução e conta com um incrível solo de Myles, que faz a ponte para o primeiro verso e se encerra com mais um belo solo de guitarra.

“Playing Aces”, último single divulgado, é uma das faixas mais rápidas e agressivas do álbum. A música mantém a base do início ao fim, destacando o excelente trabalho de Scott Phillips, que aparenta ter renovado seu estilo de tocar neste disco — algo perceptível ao longo de todo o álbum.

“What Are You Waiting For” segue a linha pesada e direta, remetendo novamente ao álbum The Last Hero (2016). Com uma base fixa e poucas variações, é uma das canções mais objetivas do disco.

Por fim, “Slave to Master” encerra o álbum de forma grandiosa. Com mais de nove minutos, é a música mais longa já lançada pela banda. A épica jornada começa com Myles recitando a estrofe inicial até uma pausa dramática, quando a canção muda completamente de direção. Com riffs marcantes — no estilo que só o Alter Bridge sabe executar —, a música cresce rapidamente, com Myles transitando com maestria entre o calmo e o agressivo. Após mais uma ponte em que Brian Marshall brilha, a faixa assume um caminho mais harmonioso e culmina em um solo de quase 2 minutos e 50 segundos, dividido entre Myles e Tremonti, assim como em seu hit absoluto, “Blackbird”. É o ápice da canção, do álbum e, certamente, uma das músicas mais marcantes da história da banda — daquelas que entram diretamente no top 1 dos fãs.

“Alter Bridge” é um álbum disruptivo, pesado e poderoso, que evidencia toda a força do quarteto americano e reforça por que a banda segue relevante após tantos anos. Um trabalho que não apenas satisfaz os fãs antigos, mas também tem tudo para conquistar uma nova legião de ouvintes ao redor do mundo.

Foto: Chuck Brueckmann


Selo: Napalm Records 

Lançamento: 09/01/2026

Nota: 9/10


Formação:

Myles Kennedy [vocal, guitarra]

Mark Tremonti [guitarra, vocal]

Brian Marshall [baixo]

Scott Phillips [bateria] 



Tracklist:

1.      Silent Divide – 5:06

2.      Rue the Day – 4:46

3.      Power Down – 4:08

4.      Trust in Me – 4:48

5.      Disregarded – 3:55

6.      Tested and Able – 4:36

7.      What Lies Within – 5:07

8.      Hang By a Thread – 4:11

9.      Scales Are Falling – 5:54

10.  Playing Aces – 4:05

11.  What Are You Waiting For – 5:00

12.  Slave to Master – 9:03

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