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| Foto: Divulgação |
Por: Rogério Talarico - Colaborador Big Rock N' Roll
1.182 dias separam o lançamento de Pawns and Kings e o novo álbum autointitulado do Alter Bridge. Para os fãs mais assíduos, trata-se de uma verdadeira eternidade — espera que finalmente chega ao fim no próximo 09 de janeiro de 2026. Lançado pela Napalm Records, o disco traz 12 faixas e marca um momento especial na trajetória da banda: foi gravado no lendário Estúdio 5150, local onde o Van Halen registrou clássicos como “Why Can’t This Be Love”, “Dreams” e “Love Walks In”. Atualmente sob comando de Wolfgang Van Halen, filho de Eddie e amigo de longa data da banda, o estúdio foi gentilmente cedido para a gravação deste álbum — o primeiro do Alter Bridge fora do estúdio Barbarosa, em Orlando.
“Silent Divide”, o primeiro dos três singles lançados previamente, abre o álbum com muito peso e riffs marcantes assinados pelo riffmaker Mark Tremonti. Na sequência, “Rue the Day” surpreende: pesada, sombria e diferente de tudo o que a banda já lançou. Cantada de forma pausada, estrofe por estrofe, Myles Kennedy entrega um dos refrões mais pegajosos de sua carreira, daqueles feitos sob medida para funcionar — e emocionar — ao vivo.
“Power Down” mergulha em riffs ainda mais pesados, flertando diretamente com o thrash metal, possivelmente refletindo a influência do trabalho solo de Tremonti. O guitarrista encerra a faixa com um solo rápido e belíssimo, fechando a canção em altíssimo nível.
“Trust in Me” começa com riffs densos que, aliados à ótima cozinha formada por Scott Phillips (bateria) e Brian Marshall (baixo), conduzem a música em um andamento cadenciado. A grande surpresa fica por conta de Tremonti assumindo os vocais nos refrões, adicionando ainda mais identidade à faixa.
Um elemento marcante ao longo de todo o álbum é o riff inicial forte e marcante, e “Disregarded” segue essa regra à risca. Extremamente pesada, com Myles conduzindo a canção como se estivesse em um protesto visceral, a faixa apresenta um ótimo refrão e uma pausa dramática em que Brian e Scott brilham. A retomada dita a cadência final, coroada por solos divididos entre Tremonti e Myles.
“Tested and Able” começa novamente com riffs que remetem ao thrash, mas surpreende ao quebrar completamente a expectativa ao se transformar quase em uma balada, com Tremonti nos vocais principais. Myles sustenta toda a base da canção em sua guitarra e divide os vocais apenas no refrão, evidenciando como a banda funciona de forma coesa e complementar. A música se encerra retomando seus riffs iniciais.
Já “What Lies Within”, outro single previamente lançado, aposta em uma abordagem agressiva e direta. Ao longo de seus cinco minutos, não perde intensidade em nenhum momento e dialoga claramente com o público por remeter a trabalhos como The Last Hero.
“Hang By a Thread” é a grande balada do disco. Com uma introdução que remete “Watch Over You” (a outro grande hit da banda) e até a algumas canções do Creed — algo que a banda nunca havia feito de forma tão explícita —, Myles demonstra toda sua habilidade em contar histórias por meio de músicas calmas. A banda, conhecedora do gosto de sua base fiel de fãs, acompanha o vocalista com precisão cirúrgica e entrega o maior fan service do álbum. Mais uma canção que certamente funcionará de forma arrebatadora ao vivo.
“Scales Are Falling” traz um clima sombrio e um dedilhado impressionante de Tremonti ao longo de toda a faixa. O refrão é extremamente pegajoso, lembrando “Turbo Lover” do Judas Priest, inclusive com certa similaridade melódica. Como é tradição no Alter Bridge, a música muda de direção ao longo de sua execução e conta com um incrível solo de Myles, que faz a ponte para o primeiro verso e se encerra com mais um belo solo de guitarra.
“Playing Aces”, último single divulgado, é uma das faixas mais rápidas e agressivas do álbum. A música mantém a base do início ao fim, destacando o excelente trabalho de Scott Phillips, que aparenta ter renovado seu estilo de tocar neste disco — algo perceptível ao longo de todo o álbum.
“What Are You Waiting For” segue a linha pesada e direta, remetendo novamente ao álbum The Last Hero (2016). Com uma base fixa e poucas variações, é uma das canções mais objetivas do disco.
Por fim, “Slave to Master” encerra o álbum de forma grandiosa. Com mais de nove minutos, é a música mais longa já lançada pela banda. A épica jornada começa com Myles recitando a estrofe inicial até uma pausa dramática, quando a canção muda completamente de direção. Com riffs marcantes — no estilo que só o Alter Bridge sabe executar —, a música cresce rapidamente, com Myles transitando com maestria entre o calmo e o agressivo. Após mais uma ponte em que Brian Marshall brilha, a faixa assume um caminho mais harmonioso e culmina em um solo de quase 2 minutos e 50 segundos, dividido entre Myles e Tremonti, assim como em seu hit absoluto, “Blackbird”. É o ápice da canção, do álbum e, certamente, uma das músicas mais marcantes da história da banda — daquelas que entram diretamente no top 1 dos fãs.
“Alter Bridge” é um álbum disruptivo, pesado e poderoso, que evidencia toda a força do quarteto americano e reforça por que a banda segue relevante após tantos anos. Um trabalho que não apenas satisfaz os fãs antigos, mas também tem tudo para conquistar uma nova legião de ouvintes ao redor do mundo.
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| Foto: Chuck Brueckmann |
Selo: Napalm Records
Lançamento: 09/01/2026
Nota: 9/10
Formação:
Myles Kennedy [vocal, guitarra]
Mark Tremonti [guitarra, vocal]
Brian Marshall [baixo]
Scott Phillips [bateria]
Tracklist:
1. Silent Divide – 5:06
2. Rue the Day – 4:46
3. Power Down – 4:08
4. Trust in Me – 4:48
5. Disregarded – 3:55
6. Tested and Able – 4:36
7. What Lies Within – 5:07
8. Hang By a Thread – 4:11
9. Scales Are Falling – 5:54
10. Playing Aces – 4:05
11. What Are You Waiting For – 5:00
12. Slave to Master – 9:03


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