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11 de outubro de 2021

Album Reviews: Angra – OMNI Live (2021) é o melhor ao vivo da banda!

Foto: Divulgação
Gravadora: Voice Music



Por: Jair Cursiol Filho - Repórter Big Rock


Vamos começar a crítica com a conclusão: “OMNI Live” é o melhor trabalho ao vivo do Angra, seja em vídeo ou em áudio. Você pode até preferir Andre Matos ou Edu Falaschi ao Fábio Lione, ou gostar mais do setlist de outros discos ao vivo, mas este é, sem sombra de dúvidas, o melhor gravado, mais bem produzido e que te deixa mais feliz ao final da experiência. Compre, assista e escute sem medo! Ou, na dúvida, confira no YouTube da banda o show na íntegra! Pois é, o YouTube! Parece estranho que uma banda fosse liberar todo um trabalho no YouTube gratuitamente para depois lançar fisicamente. Acontece que o Angra tem uma história bem complexa com lançamentos ao vivo. Para recapitular:

“Holy Live”, gravado na turnê do disco “Holy Land” na França, teve problemas na captação de áudio e a banda com o produtor conseguiram salvar 4 músicas e lançar um EP.

“Rebirth World Tour: Live in São Paulo”, gravado em um dos primeiros shows de Edu Falaschi, Aquiles Priester e Felipe Andreoli na banda, apesar do excelente setlist, tem uma qualidade de áudio digna de gravação pirata, que sabidamente causou vários problemas para o produtor Dennis Ward recuperar o som.

“Angels Cry 20th Anniversary”, a estreia de Fábio Lione nos vocais, comemorando os 20 anos do lançamento do primeiro disco da banda, tem outro setlist maravilhoso - obviamente focado na fase Andre Matos – e convidados no nível de Tarja Turunnen. A banda só esqueceu de colocar o som da plateia, causando momentos constrangedores onde, por exemplo, Lione joga para a plateia cantar “Angels Cry” e ouvir absolutamente nada de volta (e, acredite, eu estava lá, a plateia gritou). Para piorar, a banda resolveu por qualquer motivo que seja lançar uma versão capada com apenas 1 disco no Brasil, enquanto fora do país foi um CD duplo com (pasmem) 5 músicas a mais que a versão brasileira.

Chegamos então a este lançamento, gravado em 2018 no Tom Brasil e lançado de maneira física apenas agora em 2021. Com o trabalho pronto, a banda (por algum motivo tão difícil de entender quanto a mix do DVD anterior) resolveu que esse trabalho estava ruim para ser um lançamento oficial e passou a liberar música à música como clipes no YouTube. Surpresos com a boa repercussão, resolveram lançar em CD e DVD para os fãs que pediam.

O CD é duplo e vem em um belíssimo digipack muito parecido com o do lançamento do “Rebirth World Tour – Live in São Paulo”, além de um poster! Até me surpreendi com a qualidade depois do que havia acontecido com o ao vivo anterior. Já o DVD vem em uma caixa normal, dentro de um sleeve do mesmo material de um digipack, com um DVD contendo o show e uma entrevista na França durante a tour.

Mas nunca é um lançamento ao vivo do Angra se não tiver um elefante branco na sala. Então vamos tirar ele: faltam na versão física quatro músicas: “Angels and Demons”, “Spread Your Fire”, “Nova Era” e, para meu desespero, “Heroes of Sand” feat. Sandy. A banda não informa a motivação da falta, mas se você acompanhou a novela do lançamento do “Temple of Shadows In Concert” de Edu Falaschi no Brasil, nota que essas quatro são justamente músicas que Edu tem crédito como compositor e/ou letrista. (Nota: Edu Falaschi não conseguiu lançar qualquer música do Angra no Brasil, o que gerou o curioso lançamento de um EP nas plataformas de streaming chamado “Temple of Shadows In Concert” sem NENHUMA música do disco “Temple of Shadows”). De novo, a banda não informa o motivo da falta das músicas, então é apenas uma opinião pessoal, mas onde tem fumaça, costuma ter fogo... Inclusive, acho que tentaram resolver os problemas até o último minuto, visto que Sandy e Família Lima são creditados como participando em algumas dessas músicas, mesmo elas não estando no produto final. E enquanto isso, quem perde somos nós, os fãs dos dois lados, que já ficamos órfãos de Andre Matos e queremos apenas que Viper, Angra, Shaman e seus ex-membros continuem nos dando música de qualidade.

Até agora parece que só bati na banda, por isso já comecei o texto falando que é o melhor ao vivo deles, com o melhor áudio de qualquer disco ao vivo da banda, daqueles ao vivo que dá gosto de ouvir repetidamente. 

Foto: Divulgação


Fábio Lione está cada vez mais à vontade como frontman da banda, algo muito ajudado por um setlist focado na sua fase (incluindo aí o OMNI na íntegra), mas também se sentindo mais livre para dar a sua própria interpretação nas poucas músicas dos vocalistas anteriores, “Carolina IV” (minha favorita da era Andre Matos), “Running Alone” e “Rebirth”. Ele até se arrisca a fazer de maneira competente guturais que no disco OMNI eram de Alissa White-Gluz.

Quem também está se sentindo mais confiante ao cantar é Rafael Bittencourt, guitarrista e único membro-fundador ainda na banda. Bittencourt solta a voz nas mesmas músicas que no disco, “The Bottom of My Soul” e “Travelers of Time”. Às vezes sinto que é ele se garantindo para eventuais trocas de vocal principal, mas espero que isso não aconteça tão logo. O fato é que, para hoje, isso adiciona uma cor aos discos e shows da banda, algo que sempre gostei em qualquer estilo.

Falar de Felipe Andreoli (que recentemente lançou seu primeiro disco solo) é chover no molhado. O cara está facilmente no top 3 de baixistas brasileiros de metal. É assustadora a capacidade técnica dele, que faz parecer simples dobrar solos com os guitarristas Rafael Bittencourt e Marcelo Barbosa - não é, palavra de baixista!

Aliás, Barbosa, o mais novo na banda, tendo participado apenas do disco OMNI, consegue reproduzir as linhas de Kiko Loureiro (atual Megadeth) com facilidade, ainda que o setlist não apresente muitas do ex-guitarrista. É um substituto praticamente à altura em técnica. Só a história futura do Angra vai decidir se o lado criativo vai se igualar um dia. Em uma coisa ele já ganha com facilidade: simpatia e sorrisos. O brasiliense parece se divertir o show inteiro.

Tendo exatamente a mesma idade da banda, Bruno Valverde é um monstro na bateria, dominando as linhas criadas pelos ex-bateristas Ricardo Confessori e Aquiles Priester. Se eu tivesse que reclamar de algo, seria a necessidade de colocar um solo de bateria no meio do DVD, mas isso é apenas gosto pessoal – sempre pulo solos quando vou rever DVDs que já conheço. Que tal gastar esse tempo com mais músicas?

Você leitor já deve ter percebido que o forte do DVD é a banda. Diferente do anterior, onde Tarja Turunen, Uli Jon Roth e Amílcar Christófaro eram peças centrais, aqui os convidados são “apenas” a Família Lima em “Magic Mirror” e “Always More” e Sandy em “Black Widow’s Web”. Aliás, Sandy cantando metal é algo que eu sempre terei orgulho de contar e mostrar para quem não gosta do estilo ou simplesmente tem preconceito com ele. Espero que nos próximos discos ela volte a participar, desta vez cantando mais do que apenas as partes suaves de uma música.

Acho que a maior perda de quem comprar este CD/DVD é realmente a falta das músicas que estão no YouTube, mas é, de todos os ao vivo da banda, de longe, o melhor e vale ter na coleção.


Nota: 8/10


Obs. 1: Seria um 9 se tivesse tudo o que tem no YouTube e um 10 se tivesse Blu-ray, para ser em Full HD.

Obs. 2: Lembra como lá no início do texto eu não entendi várias das decisões da banda sobre os discos anteriores e sobre esse? Aí vai mais uma: como é que, com um material tão bom em mãos e já vendendo em lojas pelo país, não tem UMA postagem no site oficial ou nos perfis de Instagram, Twitter e similares? Onde está o marketing da banda? Vai jogar fora esse lançamento?

Um comentário:

  1. E cadê esse cd nos streaming...não entendo pq até agora não está no Spotify ou deezer

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