Big Rock N' Roll - Pensou em rock, pensou Big Rock!: Album Reviews: Warshipper

Foto: Divulgação

Por: Alexandre Veronesi - Colaborador Big Rock N' Roll

Confesso que meu primeiro impulso foi de iniciar este texto dizendo que a banda em questão trata-se de uma das diversas dissidências do saudoso Bywar - importante formação do Thrash Metal nacional dos anos 90 e 2000 - mas, dada a sólida carreira que foi e continua sendo construída neste caso, creio não ser a introdução mais apropriada, então irei reformular imediatamente.

Composto por Renan Roveran (vocal e guitarra), Theo Queiroz (guitarra), Rodolfo Nekathor (baixo) e Roger Costa (bateria), o WARSHIPPER surgiu em Sorocaba, interior de São Paulo, no ano de 2011, tendo como proposta artística central o Death Metal. Muito embora os pilares musicais do grupo mantenham-se intocáveis, é importante mencionar que a sonoridade, inicialmente mais crua, sofreu um bocado de alterações e inserções com o passar dos anos, o que culminou em uma expressão musical altamente característica e com forte identidade própria. Tal singularidade pode ser integralmente apreciada em "Essential Morphine", o quarto e mais novo full-lenght da banda, lançado em Maio de 2023.

Abordando temas como o existencialismo, religião e as complexidades do ser, o repertório do disco consegue ser heterogêneo e ao mesmo tempo coeso, tendo em vista que as faixas passeiam, com enorme desenvoltura, por influências diversas dentro do Metal: Thrash ("Religious Metastasis"), Melodic Death ("Perfect Pattern Watcher"), Doom/Gothic ("Morphine"), Prog ("Magnificent Insignificance") e é claro, o Death tradicional ("The Night Of The Unholy Archangel"), apenas para citar alguns exemplos. Outros grandes destaques são a releitura de "The Twin Of Icon", emblemática canção do supracitado Bywar, que aqui ganhou contornos ainda mais viscerais; e o encerramento com a música bônus "Guilt Trip", um pesado e nada convencional Country Rock/Metal, que beira o brilhantismo.

Para além das composições, preciso exaltar a qualidade técnica do quarteto, e o impecável trabalho de produção/gravação, que tornou tudo cristalino e "sujo" na medida certa - por mais ambíguo que isso possa soar - além da belíssima e sugestiva arte da capa, uma pintura de óleo sobre tela do artista Gabriel Augusto, com design de Felipe Zilbra.

Em suma, é bastante justo afirmar que o WARSHIPPER se tornou uma das bandas mais interessantes do cenário nacional na atualidade (em minha opinião, desde o álbum anterior, "Barren...", de 2020), e "Essential Morphine" veio para consolidar tal argumento, trazendo uma nova perspectiva para dentro de um subgênero que, naturalmente, já foi explorado à exaustão. Nada contra os padrões convencionais - muito pelo contrário, afinal, quem não gosta de um bom clichê? - mas o sentimento de vivenciar aprimoramentos e inovações na música extrema é simplesmente gratificante.