Big Rock N' Roll - Pensou em rock, pensou Big Rock!: Abbath - Vip Station

Foto: Roberio Lima

Abbath - Vip Station - São Paulo/SP - 19 de novembro de 2023

Por Roberio Lima

Fotos: Roberio Lima

Em sua terceira visita ao Brasil, Olve Eikemo, trouxe mais uma vez seu arsenal de destruição sonora ao país. É provável que essa frase inicial não tenha causado o devido impacto para o raríssimo leitor, mas se considerarmos que esse senhor norueguês é o homem por traz de um dos personagens mais icônicos do Black Metal mundial, talvez esse relato tome proporções mais apropriadas. Abbath Doom Occulta, ou simplesmente Abbath - que fez história a frente do Immortal, e que já a alguns anos, prolifera o som proveniente das trevas a frente de sua própria banda. Com seu mais recente trabalho lançado em 2022 - “Dread River” - o músico se apresentou pelos principais festivais europeus em 2023, e dentro dessa atual turnê, contemplou alguns países da América latina, encerrando esse ciclo justamente em São Paulo, no Vip Station!

O sol que vinha avassalador até então, ofereceu uma trégua no domingo, e o calor infernal vivenciado pelo paulistano nos últimos dias, deu lugar a um dia de frio e de chuva. Nessas condições climáticas, rumamos para o local do evento. A abertura da casa estava programada para as 16h30, e as bandas Sangue de Bode (RJ), Infamous Glory (SP) e os colombianos nos do Vitam Et Mortem foram escaladas para realizar as apresentações de abertura. E foi o Sangue de Bode a primeira formação a subir ao palco. As maquiagens pesadas e o som arredio, agradaram em cheio ao público que ia adentrando ao recinto. O vocalista Verme, disse próximo ao final da apresentação, que muitos poderiam não acreditar, mas ele havia convidado o diabo para aquela celebração. Se houve alguma dúvida por parte do público nesse sentido, caiu por terra com sons como “Messias de Merda”, “Dez Furos na Cabeça” e “Chafariz de Sangue”. Os caras fizeram uma apresentação literalmente dedicada ao ‘capiroto’!

O Infamous Glory, deu sequência aos trabalhos, e fizeram um show contundente e técnico. Leandro “Coroner” D. (Vocal), Kexo (vocal e guitarra), André Neil (guitarra), Tonhão (baixo) e G Piza (bateria) praticam um death metal classudo e cheio de personalidade, carregando essa bandeira pelo underground por muitos anos e com muita personalidade . O set foi curto, mas canções como “The Last Spell”, “The Funeral Horde” e “Abysmal Grief” ainda estão ecoando nos ouvidos dos que testemunharam o show dos caras.

Foto: Roberio Lima

O Vitam Et Mortem foi a banda que antecedeu a principal atração da noite, e fizeram um show condizente com as expectativas dos que ali estavam. Com seu folk Black metal, cheio de referências latinas e muitos adereços relacionados a cultura de seu país, tiveram uma resposta muito positiva por parte do público. A formação que conta com Julián David Trujillo Moreno “Thánatos” – (guitarra/voz), Julian Felipe Rodriguez “Haborym” (bateria e percussão), Irkalla (baixo) e Maldito (guitarra) executaram um set pesado e com elementos cênicos que enriqueceram ainda mais a performance dos caras. “Barquero de Los Muertos” e “Oro y Dolor” foram alguns dos destaques de uma apresentação que foi muito festejada pela audiência – fato que deixou os músicos visivelmente emocionados. Vamos torcer para que não demorem a voltar ao país!

Foto: Roberio Lima

O momento mais esperado da noite finalmente se aproximava, e enquanto os técnicos preparavam o palco para a atração principal, a expectativa aumentava gradativamente. Pouco depois das 20h se inicia a intro que precede “Triumph” primeiro cover do Immortal, do álbum “Damned in Black” (2000). Abbath é muito carismático, e foge dos estereótipos tão característicos de bandas do estilo. Ao mesmo tempo que se utiliza do tradicional ‘corpse paint’ e da indumentária característica, o músico interage com o publico de forma descontraída e até com certa simpatia. Votando ao set, Abbath abrangeu todas as fazer de sua carreira, tanto no Immortal como com o I – projeto que teve apenas um álbum lançado - “Between Two Worlds” (2006) e que contou com duas músicas desse trabalho figurando no setlist; - “Battalions” e “Warriors”. No entanto, é inevitável registrar que apesar dos discos lançados com o Abbath serem ótimos, foi realmente instigante vê-lo executar alguns clássicos do Immortal. Aliás, o fim foi decretado com “One By One”, clássico do álbum “Sons of Northern Darkness” (2002). Vale registrar que a formação que acompanha o frontman, Ole André Farstad (guitarra), Andreas Salbu (baixo) e Ukri Suvilehto (bateria) deram conta do recado. O último show do giro sul-americano, foi excelente e é preciso registrar o profissionalismo do caras, e da produção, que mesmo com o publico muito aquém das expectativas, promoveram um evento memorável!