Big Rock N' Roll - Pensou em rock, pensou Big Rock!: Black Flag - Carioca Club

Foto: Roberio Lima

A estreia do Black Flag no Brasil estava agendada inicialmente para junho de 2019, mas devido a questões internas da banda, a data foi remanejada para março de 2020. Para quem conhece a importância do Black Flag, esse adiamento não foi tão sentido, pois mesmo tendo que esperar mais alguns meses, seria uma oportunidade de ouro para conferir a essência de um dos nomes que mais contribuiu para o movimento punk/hardcore – além disso, o Black Flag ficou marcado pela atitude e por influenciar as gerações posteriores a sua existência. Só por isso, já valeria muito a pena comparecer ao Carioca Club. Não vou descrever aqui o domingo que se fez cenário desse dia tão único - vamos nos ater somente ao evento. Uma movimentação pequena era vista em frente ao `Carioca´ e obviamente que a grande maioria dos que ali estavam, tinham como vestimenta; camisetas estampadas com o clássico logo da banda.

Ao adentrar a famosa casa de shows, constatávamos logo de cara, que as cortinas do palco estavam fechadas para que fossem preparados todos os detalhes da apresentação. Outro fato bem curioso foi o repertório escolhido para tocar nas pick ups de Thiago DJ. - o som que saia dos alto-falantes não era condizente com o que aconteceria naquele espaço em pouco tempo.

Thiago DJ, que estava responsável pela discotecagem, recebeu da própria banda o pedido para que não tocasse nada relacionado ao hardcore, talvez porque os músicos quisessem (com toda a razão) que as atenções fossem voltadas ao setlist preparado pelos músicos. Conforme o tempo ia se passando a ansiedade aumentava, mas como não haveria número de abertura, sabíamos que mesmo com a demora, já iríamos apreciar o “prato principal”.

Foto: Roberio Lima

Quando as cortinas se abriram, os quatro músicos estavam posicionados no palco para iniciar a celebração hardcore. O único integrante original e membro fundador Greg Ginn – se posicionou no lado direito do palco para orquestrar uma aula de musica ríspida com sua guitarra e seus movimentos contidos. Acompanhado de Isaias Gil (bateria), Joseph Novas (baixo) e pelo emblemático vocalista Mike Vallely (musico e skatista profissional que desde 2014 assumiu os vocais da banda). Com esse time iniciou-se os trabalhos com ``Depression´´ do seminal ``Damaged´´. Logo no inicio do show um fã mais eufórico subiu ao palco, mas foi recebido de forma hostil pelo vocalista. A situação que poderia ter `melado´ a noite, foi apaziguada com o decorrer da apresentação. Infelizmente é difícil julgar esse tipo de situação, pois de uns tempos para cá, muitos que frequentam esse tipo de evento tentam aparecer mais que o artista. Polemicas a parte, o show seguiu com ``No Values`` e ``I´ve Had It´´ - e na pista o publico ia se aquecendo com as rodas cada vez mais violentas. Quando ``Gimmie Gimmie Gimmie´´ soou nos amplificadores, as coisas foram ficando mais insanas. Estava muito claro que o público que compareceu queria tirar o atraso (me desculpem o trocadilho!).

Mick Vallely representou a essência virulenta e suja imortalizada por por Henry Rollins e Keith Morris nos tempos áureos da banda – e no palco reproduziu clássicos como ``Six Pack´´, ``Damaged II´´ e o hino ``Rise Above´´ com a desenvoltura que o posto exige. E para desfazer de vez o episódio mencionado no paragrafo anterior, distribuiu gentilezas aos fãs, inclusive no meio do set, autografou um shape da banda para um fã mais ardoroso.

O saldo desse dia tão emblemático não poderia ser mais positivo. Infelizmente os dias posteriores a esse evento fizeram com que inúmeras turnês marcadas para o pais fossem canceladas, devido a pandemia do Covid – 19 - que até o momento enche o mundo de incertezas. Por isso, nesse momento, só me resta ouvir e reouvir os disquinhos e livros adquiridos nesse dia que, sem medo de errar, ficará marcado na memória dos que estiveram no Carioca Club!

Setlist Black Flag:

Depression

No Values

I’ve Had It

Black Coffee

Fix Me

Gimmie Gimmie Gimmie

Loose Nut

White Minority

Six Pack

Bastard in Love

Room 13