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9 de março de 2021

Album Reviews: Epica – Ωmega (2021)

 

Foto: Reprodução


Por: Jair Cursiol Filho


A banda holandesa Epica lançou no final de fevereiro o seu oitavo disco de estúdio, 'Omega' (estilizado como Ωmega na capa). O grupo liderado pelo guitarrista, vocalista e principal compositor Mark Jansen fez muito parte da minha trilha sonora na primeira década do milênio, principalmente os discos The Divine Conspiracy e Design Your Universe, além do ao vivo The Classical Conspiracy. Mas quando chegou Requiem for the Indifferent percebi uma característica do Epica: a banda é quase um Rhapsody (of Fire), isto é, não muda muito de um disco para o outro. Você sempre sabe como o Epica irá soar. Se isso é bom ou ruim fica a cargo de você leitor. O fato é que, para mim, por quase uma década isso foi uma característica pouco interessante - The Quantum Enigma e The Holographic Principle, os antecessores de Omega, me atraíram muito pouco. 

Dito tudo isso, ainda existem diferenças entre os discos de maneira suficiente para que uns sejam mais bem quistos entre os fãs e outros não. E aí o oitavo petardo da banda saiu em 26 de fevereiro. Ouvi como quem não queria nada. Posso adiantar que se você não gosta de Epica, não é Omega que vai mudar o seu ponto de vista. Mas se você gosta ou já gostou e os mais novos não te chamaram a atenção, Omega é feito pra você. Os refrões, melodias e coros estão mais memoráveis do que pelo menos os três últimos discos. 

Após a obrigatória abertura instrumental orquestrada "Alpha - Anteludium", a música de abertura "Abyss of Time - Countdown to Singularity" tem um riff de teclado que gruda na cabeça e não quer sair de jeito nenhum. Não por acaso foi o primeiro single. Segue-se "The Skeleton Key", clipe que saiu no mesmo dia que o disco, música mid-tempo pesada com clipe estranho (https://www.youtube.com/watch?v=kWZmpZTDtkU) e partes hipnóticas que quando a música acaba você nem percebeu que não teve um bumbo duplo sequer - ponto para a banda.

Aí vem "Seal of Solomon", com talvez o coro mais grudento do disco todo. Grudou tanto na minha cabeça que tive que procurar o que era o selo de Salomão do título. Quando descobri que era um símbolo em um anel místico que permitia a Salomão controlar demônios, entendi o motivo da música controlar meus pensamentos. Brincadeiras à parte, "Seal of Solomon" é uma daquelas que tem tudo o que um fã dos neerlandeses.

Quase todo disco tem uma música não muito marcante. Em Omega, este papel cabe a "Gaia". A música não é ruim, mas é certamente a que me senti menos inclinado a voltar. O oposto pode ser dito de “Code of Life”, com suas obrigatórias inspirações na música do oriente médio, uma constante na discografia do grupo. “Freedom - The Wolves Within” tem um refrão que gruda na cabeça.

A seguir vem o maior épico do disco “Kingom of Heaven, Part 3 - The Antedilluvian Universe” com seus 13 minutos. A música continua “Kingdom of Heaven - A New Age Dawns Part V” do disco Design Your Universe e “The Quantum Enigma - Kingdom of Heaven, Part II” do disco The Quantum Enigma e, para aqueles que gostam de músicas épicas e longas como eu, é um deleite.

Foto: Reprodução


“Rivers” é a típica balada metal: piano, calmaria, vozes suaves e uma eventual guitarra distorcida aqui e ali para lembrar que ainda estamos num disco de metal. Nesse caso, sou suspeito de falar, pois geralmente prefiro baladas de bandas pop/rock, como Oasis, Coldplay, U2 e similares. O foco de “Rivers” é, como na maioria das baladas da banda, a bela voz de Simone Simons.

Quando o disco se encaminha para o final, temos um trio de petardos: “Synergize - Manic Manifest”, “Twilight Reverie - The Hypnagogic State” e “Omega - Sovereign of the Sun Spheres”, das quais a última é a minha favorita, com o melhor solo de guitarra do disco.

Iniciar com uma música chamada “Alpha” e terminar com outra chamada “Omega” traz um simbolismo óbvio: Alfa e ômega são a primeira e a última letra do alfabeto grego, respectivamente, e constantemente utilizadas simbolizando o início e o fim ou Deus em religiões de origem judaica (principalmente o cristianismo). Há muito nas letras para se perder nelas e para usar como ponto de partida para pesquisas no Google (ou DuckDuckGo, caso prefira).

Talvez algumas gemas da bolacha estejam no disco bônus da edição física, lançado em serviços como Spotify e Deezer separadamente como o EP Omegacoustic. “Rivers” ganha uma versão à capela que funciona até melhor do que a original. As outras três faixas são mais próximas do que o título do EP sugere: versões acústicas. “Abyss O’Time” é a versão de “Abyss of Time - Countdown to Singularity”, com um instrumental folk que te joga em um daqueles filmes no interior da França ou da Itália. “Omegacoustic” a versão sem guitarras, sem baterias e sem guturais de “Omega - Sovereign of the Sun Spheres”. Mas a mais divertida e interessante é, de longe, “El Código Vital”, uma versão latinizada de “The Code of Life”, incluindo aí letras traduzidas para espanhol no refrão. Nela se percebe um esforço em realmente converter completamente o estilo da música. Certamente uma das minhas favoritas.


Ao fim, Omega provavelmente não vai trazer novos fãs, mas é certamente um disco que me fez voltar a querer ouvir Epica e, na minha humilde opinião, o melhor disco da banda desde The Divine Conspiracy.


Nota: 8/10


Ωmega foi lançado em 26 de fevereiro de 2021, via Nuclear Blast.

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