Big Rock N' Roll - Pensou em rock, pensou Big Rock!: Album Reviews: Kreator

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Por: Alexandre Veronesi - Colaborador Big Rock N' Roll

Passados mais de 5 anos do lançamento do bom "Gods Of Violence", a instituição do Thrash Metal alemão KREATOR finalmente retornou, em 2022, com um novo trabalho de estúdio, batizado de "Hate Über Alles". O disco, disponibilizado em território nacional pela Shinigami Records, marca a estreia do baixista Frédéric Leclercq (ex-DragonForce), que substitui Christian Giesler, ex-integrante de longa data.

Os incansáveis Mille Petrozza e Jürgen "Ventor" Reil, ao lado de seus asseclas Sami Yli-Sirniö e o supracitado Leclercq, despejam aqui um coeso repertório de 11 novas canções, que somadas totalizam singelos 46 minutos, felizmente sem grandes excessos, ou os famigerados "fillers". "Sergio Corbucci Is Dead", breve introdução que remete às trilhas sonoras do saudoso mestre Ennio Morricone - não coincidentemente, afinal, Corbucci foi um dos mais importantes diretores de filmes "spaghetti western" (faroeste) italianos - precede a poderosa faixa-título "Hate Über Alles", um excelente cartão de visitas para o disco. Neste ponto, o caos já se encontra instaurado, da maneira que o KREATOR executa com perfeição.

"Killer Of Jesus" e "Crush The Tyrants" vem na sequência, prontamente mostrando-se dois dos mais impactantes petardos dentre o repertório: a primeira é absurdamente veloz e implacável, enquanto o peso da segunda provém de sua assertiva cadência. Logo após, temos "Strongest Of The Strong", canção midtempo com ótimas harmonias de guitarra de Mille e Sami; "Become Immortal", uma verdadeira carta de amor ao Iron Maiden, especialmente considerando o seu instrumental, que referencia de forma direta sons como "Gengis Khan" e "Transylvania"; e "Conquer And Destroy", que a princípio engana pela introdução melódica, mas não demora a ganhar corpo e velocidade descomunais, com absoluto destaque para as linhas de bateria insanas de Ventor.

"Midnight Sun" traz alguns lampejos da fase mais "gótica" do grupo, com backing vocals femininos, além de um refrão denso e ligeiramente sombrio, o que vai de encontro ao Thrash vigoroso e tradicional de "Demonic Future" - tradicional, mas sem jamais abandonar a vertente melodiosa. Chegando à reta final da audição, temos a apagada "Pride Comes Before The Fall" (que poderia muito bem ter ficado de fora da seleção final), e "Dying Planet", tema melancólico que encerra a bolacha em clima pesaroso e pessimista, o que surpreendentemente funciona muito bem neste caso.

A produção do álbum, cristalina e de altíssimo nível, ficou a cargo de Arthur Rizk, ao passo que a vistosa arte da capa foi desenvolvida pelo israelense Eliran Kantor, um dos mais distintos artistas gráficos do Heavy Metal na atualidade.

Em resumo, "Hate Über Alles" se prova uma entrada bastante sólida e expressiva na discografia do KREATOR, e subjetividades à parte, não seria nenhum exagero categorizá-lo como um dos melhores álbuns da banda desde "Coma Of Souls", do longínquo ano de 1990.